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Palavras de rio

Zeza Amaral Por Zeza Amaral
7 de setembro de 2021
em Colunistas
Tempo de leitura: 3 mins
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Rio Atibaia- Foto: Carlos Bassan/PMC

Rio Atibaia- Foto: Carlos Bassan/PMC

Não olhe assim o horizonte, por favor. É um longo caminho para se percorrer. E já estou muito cansado para pelejar estradas, ruas, cidades, um País. Fique assim em minhas vielas de músculos cansados, nas pequenas praças dos meus dedos, nas avenidas do meu coração.

É longe o lugar de onde queremos ir. Viemos das estrelas, disse, um dia, um astrofísico. E um saudoso amigo, Romildo Póvoa Faria, dizia que nós olhávamos as estrelas pela saudade que tínhamos das nossas origens. E, assim, desde então, quando olho as estrelas lembro do amigo astronômico e busco achar um lugar para assentar as minhas dúvidas finais, a palavra final, a rima perfeita do poema que me persegue, do acorde real para um fim de noite no Grande Bar da Eternidade.

Mulheres e homens choram suas desditas amorosas, o rompimento de um carinho, um adeus inesperado.

É assim as dores de cada um que caminha sobre a crosta terrestre. Ou sobre as escaras das dores da humanidade. Machuca o código de civilidade os senhores e senhoras que prestam depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado e nada respondem, protegidos, pelo manto da própria covardia. Quem se cala consente a culpa. E o velho ditado fica boiando no ar da impunidade.

Costumo caminhar, à tarde, pelo Córrego Serafim, mais conhecido como a valeta da Orosimbo Maia. É um pequeno rio da minha infância taquarense. E o primeiro esgoto a céu aberto que conheci. Toda a sujeira do centro da cidade ia parar nas águas daquele meu pequeno rio, pelas galerias pluviais e tubulações de esgoto.

Ando pela calçada do Córrego Serafim e as suas águas me perguntam sobre os velhos tempos de suas águas maternas. E assim me calo para não doer o que já me machuca há muitas e muitas décadas.

O rio da minha terra é o Rio Atibaia. E dele ganhei muitos carinhos de água descansada em Sousas. Tinha um bonde verde que passava a poucos metros da minha casa, no Taquaral, logo abaixo dos trilhos da Maria Fumaça. Em alguns sábados mornos, eu pegava seus estribos e ia até Souzas. O cobrador era um vizinho italiano, seu Scandífio, irmão mais velho de um amigo, o Mário, que, vinte anos depois, após voltar de Londres, montou uma banda de rock. Ou melhor, de funk.

O bonde do Taquaral e a valeta da Orosimbo Maia sabem da nossa história. E também as águas da Lagoa do Taquaral.

E muito mais as ruas lupanares da zona do Taquaral. E também as frouxas luzes dos postes que iluminavam as serenatas que fazíamos para as namoradas de amigos, embriagados de vinho barato. E assim seguíamos o leito de nossas próprias águas de vida, quase imitando as águas da valeta, da lagoa e do Rio Anhumas.

Certa moça sumiu dos meus olhos e a ela mandei uma carta que deixei nas águas do Atibaia, em uma pinguela ali na entrada de Sousas. E a carta se foi e nunca mais tive notícias dela. E a resposta nunca chegou. E também mandei carta no estilingue. Empinei maranhão com o nome dela. E assim a vida seguiu e sequei as águas dos meus olhos. O Atibaia perguntou da minha secura e nada disse.

Não era mais caso de explicar o fim de uma paixão. Era apenas um olhar de rio e assim se deixar ir embora, como fazem os lambaris, piaparas e mandis. E assim fui atrás do Rio Piracicaba e, uma década depois, conhecer o Rio Paranapanema – e muitos rios conheci desde então, atrás da carta que, até hoje, não foi entregue pelas águas do meu rio.

E o tempo chega e novas águas também. E veio o Rio Verde e com ele uma moça que manda em mim. As águas do Atibaia são danadas de surpresa, meu raro leitor. E assim retorno às águas do Córrego do Serafim, parente próximo do Atibaia, primo do Anhumas, filhos do irreverente Rio Tietê que jamais caminha para o mar.

O meu amigo Toninho da Costa Santos gostava de saber das histórias das águas da nossa região. E ele sabia de cor e salteado todos os nomes dos rios, córregos e fiapos de água que alimentavam nossas bocas. E assim olhos as águas da mais simples enxurrada de meio fio e puxo uma conversa com aquele menino que nos dava doce na calçada da Doces Campineiras, lá no Cambuí. E assim ficamos amigos até os dias de hoje. Apalavrado, é claro, pelas águas de um rio.

Zeza Amaral é jornalista, escritor e músico

Tags: colunistasHora CampinasZeza Amaral
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