Se por um lado o mercado segurador foi impactado pelo avanço do coronavírus, por outro houve uma mudança de consciência dos brasileiros em relação ao seguro, que embora sempre tenha assumido um papel de proteção financeira e de renda, passou a ser visto sob uma perspectiva de planejamento e de investimento.
Algumas carteiras sentiram mais o impacto da pandemia, como mostram os dados da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras): o mercado do seguro viagem, por exemplo, sofreu uma queda expressiva de 59,1%. Já o de automóveis revelou uma perda de 2,1% no acumulado de 2020 em relação ao mesmo período do ano anterior – reflexo da redução nas vendas de veículos novos.
O fechamento do comércio e a restrição de mobilidade impuseram perdas, especialmente na área de transportes e garantia estendida, por serem proteções que encontram nos estabelecimentos comerciais os melhores pontos para oferta. São consequências da pandemia que ninguém poderia imaginar. A esperança de todos nós é que até o fim de 2021 toda a população adulta do Brasil esteja vacinada. No entanto, o sentimento de fragilidade em relação à vida ainda permanece.
A percepção de consciência sobre a necessidade de proteção foi captada principalmente pela carteira de seguro de vida.
As pessoas geralmente associavam esse tipo de apólice à morte e, por isso, o assunto sempre foi considerado tabu. A pandemia mostrou, no entanto, o quão frágil a vida pode ser, o que remeteu a uma busca pelo entendimento, por parte das pessoas, sobre o que é o seguro de vida e como ele funciona.
Em 2020, houve aumento de 26,2% na contratação comparado ao ano anterior, segundo a FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida). O brasileiro passou a considerar esse seguro como uma proteção financeira para si e sua família, uma vez que o produto pode ser utilizado em vida ao garantir indenização para pessoas no caso de afastamento do trabalho por invalidez, acidente e doenças graves.
Outro seguro muito procurado foi o residencial. A necessidade de isolamento social levou boa parte das pessoas ao home office e ao teletrabalho.
Como reflexo, a demanda por pequenas reformas e adaptações para trabalhar em casa aumentou em 6,1% a receita das companhias de seguros. O crescimento da procura por esse tipo de apólice mexeu com o mercado. De forma geral, as seguradoras modificaram suas apólices para ampliar a proteção para quem está em algum tipo de atividade a distância.
O segmento entendeu a necessidade de atingir também os negócios em casa e garantir proteção a pequenos comércios do segurado instalados na própria residência. Assim, confeiteiros, costureiros, esteticistas, cabeleireiros, papelarias e até pequenas franquias, por exemplo, passaram a ser amparados em coberturas do seguro residencial.
E o que esperar para o segundo semestre de 2021?
Ainda há um cenário de incertezas em relação a emprego, renda e crescimento do Produto Interno Bruto. No primeiro trimestre houve elevação de 1,2% no PIB, o que nos dá esperança para o ano. Se os planos de vacinação em massa forem acelerados agora no segundo semestre e a estabilidade econômica se concretizar, poderemos alcançar um cenário mais otimista. Agora é trabalhar muito para que isso aconteça.
Walmando Fernandes, administrador de empresas e MBA em gestão empresarial, é Head da Porto Seguro na região de Campinas