Eleitores que se identificaram como representantes de movimentos sociais protocolaram no começo da tarde desta quarta-feira (17), na Câmara de Campinas, um pedido de instalação de uma Comissão Processante (CP) contra o vereador Nelson Hossri (PSD), por quebra de decoro parlamentar.
Segundo o pedido, na sessão ordinária do último dia 08 de novembro, Nelson Hossri expôs a casa, não atuou com sobriedade e cometeu tentativa de agressão e ameaças.
O vereador é acusado de ter ligações com manifestantes que estiveram na sessão da noite de 8 de outubro, em que a vereadora negra do PT, Paolla Miguel, foi vítima de atos racistas. A Comissão Processante pode resultar na cassação do mandato do vereador.
O pedido foi protocolado por Denise Teijeiro, vice-presidenta do PCdoB, Marcela Moreira, presidenta do PSOL e Carlos Orfei, presidente do PT, mas eles disseram estar ali na condição de eleitores e em nome de movimentos sociais.
Segundo o grupo, o pedido se baseia no artigo 6º do Código de Ética da Câmara Municipal de Campinas, principalmente no que diz respeito ao agir de acordo com a boa-fé, exercer suas atividades com zelo, urbanidade e respeito, contribuir para o bom andamento dos trabalhos legislativos, especialmente nas audiências públicas, solenidades, reuniões de comissões e sessões e exercer as atividades parlamentares com decência no agir, vestir e no falar.
Servidor público, Carlos Orfei destaca a unidade dos partidos em busca de uma investigação e afirma estarem “amparados por uma série de movimentos sociais”. “Nossa militância exige um apuração rígida da Câmara na responsabilização desse caso”, destacou Orfei.
Marcela Moreira, por sua vez, destacou ser “imprescindível conter o avanço da violência política contra as vereadoras e vereadores. Pela democracia, é necessário não agir de forma truculenta contra representantes legitimamente eleitos”, disse a professora Marcela Moreira.
Economista aposentada, que também assina o pedido, Denise Teijeiro destaca que, ao realizar o pedido, os partidos exercem o “nosso direito de defender a democracia”.
De acordo com a Legislação Federal (decreto lei 201/1967), uma vez recebido o pedido, o presidente da Casa, vereador Zé Carlos (PSB), deve levá-lo à votação na primeira reunião ordinária subseqüente. Para que uma CP seja instaurada é necessário que mais de 50% dos vereadores presentes.
Vereadores
“Nós precisamos dar uma reposta firme; uma resposta à altura a todo esse processo de racismo sofrido pela vereadora Paolla, mas não apenas à vereadora, mas a toda a comunidade negra de Campinas”, disse a vereadora Guida Calixto (PT). “O ato racista não ofende apenas uma vereadora, mas toda uma coletividade”, acrescentou ela.
Para Guida Calixto o pedido de instalação da CP contra Hossri se justifica porque as pessoas que praticaram o atos de hostilidade e aquela que cometeu o ato racista, eram apoiadores do vereador e foram estimuladas por ele a comparecerem à sessão.
“O vereador convocou esses apoiadores. Ele insufla esse segmento, que é um segmento negacionista, obscurantista; que nega a ciencia e a importância da vacina. E quando o grupo praticou o ato racismo, ele (Hossri) nunca repudiou. Na verdade, ele até nega que isso tenha acontecido. Ele costuma declarar, “se” isso aconteceu…”, acrescentou.
“Então nós precisamos dar uma resposta à altura porque se a gente não fizer ele vai crescer cada vez mais. Crescer nessa linha bolsonarista que já colocou o Brasil na linha de fome, da miséria e da morte”, finalizou a vereadora.
“Os eleitores que representam os partidos políticos resolveram entrar com o pedido de instalação da Comissão Processante por conta de um comportamento reprovável do vereador Nelson Hossri”, disse o vereador Gustavo Petta (PCdB).
“Um comportamento reiterado de ameaças, de agressões verbais; de ameaças de agressões fisicas contra diversos parlamentares. Na ultima sessão do dia 8, isso ficou aidna mais evidente, Então eu considero importante a Comissão Processante para analisar e investigar esse comportamento”, concluiu.
Hossri
“Essa é a CP da Injustiça” , disse o vereador Nelson Hosrri. “Imagine só. Uma pessoa como a Marcela Moreira, que foi protagonista do maior vandalismo, de quebra do patrimônio público da história da Câmara de Campinas em 2013, abrir uma CP para cassar um vereador?”, questionou ele, referindo-se à manifestação de estudantes e de movimentos sociais em 2013 pelo “Passe Livre”, quando o plenário da Câmara foi invadido e vandalizado. Marcela participou da manifestação.
“Ela querendo pedir ordem? É contraditório”, argumentou Hossri. “Essa é a CP da Injustiça. A CP dos Desesperados. Essa é a esquerda tentando se vitimizar, mais uma vez., como se fossem os coitadinhos”, finalizou.