Os muros da casa na Vila Soma, em Sumaré, estampam o pedido de seu morador, o pedreiro Isaías do Carmo Santos, de 44 anos. Mesmo de posse de uma liminar da justiça, Isaías não consegue dar seguimento à cirurgia para correção de uma hérnia de disco que o impossibilita de andar e se manter sozinho. Como último recurso, colocou a casa à venda na tentativa de pagar pelo procedimento – e as paredes do imóvel explicam o motivo do desespero.
“Sofro há dois anos com as dores. Os medicamentos que os médicos passam já não fazem mais efeito. Tentei recorrer de todas as formas possíveis e nada resolve”. Essa é parte da mensagem que a sobrinha de Isaías, a seu pedido, escreveu na fachada da pequena casa, onde vive há 15 anos.
Com tinta vermelha, sobre o portão branco, outro trecho do apelo explica que a casa está sendo vendida para pagar os R$ 100 mil que custaria a cirurgia particular, já que, até o momento, não conseguiu avançar na tentativa de operar pelo SUS. Ao longo dos últimos dois anos, Isaías acumulou exames e laudos, realizados tanto na rede pública quanto na privada, e nenhuma solução.
Isaías passou por avaliação no Hospital Estadual de Sumaré em abril passado. Disse que os médicos entenderam não haver necessidade de cirurgia, mesmo sem terem pedido exames específicos que embasassem a decisão. Em maio, com a ajuda de um advogado, o pedreiro conseguiu uma liminar. A justiça determinou que fosse reavaliado pelos médicos no prazo de dez dias, o que até hoje não ocorreu. Uma consulta no Hospital Estadual de Sumaré está marcada para 4 de outubro.
Em nota, a Prefeitura de Sumaré, por meio da Secretaria de Saúde, informou que “o paciente foi devidamente atendido na rede municipal e a cirurgia em questão é de responsabilidade do estado”. Nesse sentido, a justificativa se refere à fila de cirurgias pelo SUS Estadual, que obedece à Cross – Central de Regulação de Ofertas de Vagas.