Pretensão e negociação salariais. Eis aí dois assuntos que geram dúvidas, ansiedade e muita expectativa, afinal, o salário é uma das principais razões – embora não seja a única – pelas quais as pessoas trabalham. É importante salientar que são coisas diferentes: a pretensão salarial é o valor que o candidato a uma vaga de emprego espera receber por suas habilidades e experiências. Na maioria das vezes, é solicitada pelo recrutador no início do processo seletivo, configurando-se numa oportunidade para o candidato demonstrar que tem consciência das suas competências e do seu valor no mercado de trabalho.
A negociação salarial, por sua vez, também é uma etapa do processo seletivo, geralmente realizada no final após a aprovação do candidato e antes da aceitação formal da vaga de emprego. É uma conversa entre a empresa e o eventual funcionário para alinhamento de expectativas, momento em que o profissional deve levar em conta a realidade e as limitações de orçamento do futuro empregador, mas também considerar que o seu trabalho é valioso e que ele tem o direito a receber uma remuneração condizente com as suas experiências e capacidades. A negociação salarial é um diálogo, uma via de mão dupla, que exige uma boa dose de pragmatismo de ambos os lados.
Em alguns casos, por medo de parecerem arrogantes, os candidatos acabam desvalorizando-se e aceitando salários defasados.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Salary, apenas 37% dos profissionais negociam os seus salários, enquanto 18% nunca o fazem. Segundo o estudo, cerca de 44% dos entrevistados afirmaram nunca terem tocado no assunto, mesmo durante as avaliações de desempenho, quando já estavam empregados. São números que merecem atenção pois demonstram como os dois assuntos ainda são considerados um tabu.
De que forma, então, é possível estabelecer critérios objetivos, pontuando argumentos que justifiquem o salário desejado, mas que, ao mesmo tempo, sejam condizentes à realidade do eventual empregador? Autoavaliando-se, conhecendo as próprias qualificações, fazendo uma pesquisa de mercado e verificando os salários praticados em empresas similares e em cargos semelhantes ao pleiteado. Vale acessar plataformas como o Glassdoor, consultar guias salariais de consultorias especializadas e também perguntar diretamente a outros profissionais quais valores o mercado costuma praticar frente a posição em questão.
É preciso cautela nessa hora: se a pretensão salarial for muito alta, o candidato pode acabar se prejudicando e perdendo a vaga para um concorrente que tenha uma aspiração mais alinhada ao que a empresa espera.
Outro aspecto importante é o modo como a questão é apresentada: sugiro clareza e objetividade, demonstrando confiança nas próprias capacidades profissionais. Também é válido questionar o recrutador sobre os benefícios e bônus que a vaga oferece, antes de informar a pretensão ou aceitar a proposta de trabalho após a aprovação no processo seletivo. Aliás: é mais estratégico sinalizar uma faixa de remuneração no lugar de um “valor fechado”. Exemplo: “a minha pretensão é entre 10 e 12 mil reais, a depender dos benefícios e bônus.” Demonstra, antes de tudo, capacidade de negociação e flexibilidade por parte do candidato.
Em resumo: a pretensão salarial é uma parte importante da negociação salarial e deve ser tratada com seriedade e responsabilidade. É preciso ser realista, considerando o panorama do mercado, a realidade da empresa e as expectativas do recrutador. Em contrapartida, o candidato também deve ter consciência do seu valor profissional, realizar pesquisas de mercado e apresentar a sua oferta de forma clara e objetiva. Tanto a pretensão como a negociação salariais são a oportunidade para mostrar ao empregador que ele é um profissional qualificado, confiante em suas habilidades e experiências, e que está disposto a contribuir para o sucesso da empresa.
Bônus: a Região Metropolitana de Campinas (RMC) conta com cinco cidades entre os 20 municípios cuja população possui o maior nível de renda no Estado de São Paulo. Os dados são do Mapa da Riqueza no Brasil, estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) com base em informações oficiais da declaração do Imposto de Renda Pessoa Física de 2020.
A liderança na RMC é de Vinhedo, com o valor médio per capita atingindo R$ 3.750,30.
O montante, que coloca o município no quarto lugar do ranking estadual (e em 11º no nacional), equivale a 2,88 vezes o valor atual do salário mínimo, que é de R$1.302 e vai passar para R$1.320 a partir de maio. A segunda colocada na RMC é Valinhos, cuja renda média per capita dos moradores é de R$3.228,60. Logo em seguida, aparecem Holambra (R$ 2.852,31), Campinas (R$ 2.693,35) e Paulínia (R$ 2.502,45).
Mora na Região Metropolitana de Campinas e está participando de algum processo para vaga de emprego? Esteja preparado para negociar!
Karine Camuci é consultora de carreiras e fundadora da Você Empregado, consultoria especializada em recolocação profissional e desenvolvimento de carreiras. Conheça: https://voceempregado.com.br/