O assunto político do País no momento é o caso das milionárias joias preciosas que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu e que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro receberia, não fosse a ação da Receita Federal que barrou a encomenda no Aeroporto Internacional de Guarulhos (Cumbica). E Campinas não ficará de fora dessa história.
É que a investigação desse enredo até agora cheio de reviravoltas será conduzida pela procuradora Gabriela Saraiva de Azevedo Hossri, mulher do vereador campineiro Nelson Hossri (PSD). Ele é considerado um dos maiores expoentes do bolsonarismo em Campinas, com críticas ácidas e abertas à esquerda, a Lula e ao PT. É defensor ferrenho da extrema direita, com pautas conservadoras e polêmicas, a maioria delas alinhadas às agendas de Bolsonaro e seus seguidores mais fiéis.
Diferentemente do marido, Gabriela é discreta. Mas já posicionou-se a favor dos esforços anticorrupção da Lava Jato e de seu maior símbolo, Sergio Moro, hoje senador, apoiador de Bolsonaro e adversário do petismo.
A procuradora Gabriela Saraiva de Azevedo Hossri trabalha no 5º Ofício da Procuradoria da República, em Guarulhos. O caso chegou ao MPF por conta dos trabalhos da Receita Federal. Guarulhos é o município onde está o aeroporto. É, portanto, a área de jurisdição onde a procuradora age.
Várias frentes de apuração estão em andamento ou próximas de se consolidar. A Polícia Federal (PF) entrou no caso em razão de o presente dado pelo país árabe configurar, na opinião de especialistas da área jurídica, um crime de corrupção.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, vê prática delituosa contra a administração pública e fala em eventual “descaminho, peculato e lavagem de dinheiro”.
Enquete feita pelo Hora Campinas nesta semana mostra um internauta dividido. A maioria dos que responderam não vê corrupção.
O vereador Nelson Hossri não deu declarações públicas até esse sábado, 11 de março, sobre o caso das joias sauditas, avaliadas em R$ 16,5 milhões.
Em Campinas, dois temas mobilizaram o vereador essa semana: uma iniciativa por ele capitaneada para barrar a Marcha da Maconha e um projeto de lei de sua autoria que proíbe a realização de eventos patrocinados pela indústria de bebidas em espaços públicos de Campinas. Os dois temas foram noticiados pelo Hora.
Não se sabe ainda se a procuradora poderá ser impedida de assumir o caso pelo fato de ter relação direta com um político bolsonarista. Nos bastidores do MPF, há um desconforto pela designação. E um temor de parte dos profissionais de que o caso manche a reputação e a necessária isenção do órgão.
As joias entraram no País sem respeitar as regras de declaração exigidas para todos os viajantes. Os objetos valiosos estavam numa bagagem de integrantes da comitiva do ex-ministro Bento Albuquerque, das Minas e Energia.
Vídeos e diálogos entre funcionários da Receita e a comitiva foram divulgados nessa semana. O ex-presidente Jair Bolsonaro, que está nos EUA, se envolveu pessoalmente no caso. Ele chegou a enviar avião da FAB para resgatar parte das joias, sem sucesso. Um outro pacote está com ele, conforme admitiu.