Caminhoneiros estão mobilizados em várias regiões do País desde a madrugada em protesto a favor do presidente Jair Bolsonaro. Eles defendem a destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como prega Bolsonaro. O ato é um desdobramento da pauta antidemocrática conduzida pelo presidente nas manifestações de 7 de Setembro.
Os protestos começaram na noite desta quarta-feira (8) em pelo menos 15 estados brasileiros. Em São Paulo, há vários trechos bloqueados. Na região de Campinas, o principal movimento ocorre na Rodovia Anhanguera, nos dois sentidos, na altura do km 148. Os caminhoneiros bloquearam as pistas, mas autorizam a passagem de veículos de passeio, ambulâncias e viaturas de serviços essenciais. Em Rio Claro, na Rodovia Washington Luiz, há relatos de mobilizações. Há bloqueios também na Rodovia Geraldo Barros, em Piracicaba.
Os atos estariam sendo conduzidos por profissionais autônomos, sem lideranças de entidades nacionais. Na quarta-feira à noite mesmo, assim que começaram os protestos, circularam áudios do presidente onde ele pede para que seus apoiadores liberem as estradas. De acordo com eles, porém, a desmobilização só ocorrerá quando a reivindicação for alcançada, ou seja, a destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O principal articulador dos atos é o bolsonarista Marcos Antonio Pereira Gomes, o Zé Trovão. Ele é foragido depois de a Procuradoria Geral da República (PGR) pedir e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, autorizar a sua prisão. Em vídeo, ele defende “parar tudo” para “salvar o Brasil”.
Crise institucional
A quarta-feira pós atos de 7 de Setembro foi marcada por duras e contundentes reações de líderanças políticas e do Judiciário. Os presidentes da Câmara Federal, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, posicionaram-se de forma contrária a protestos que visam desqualificar as instituições. Ambos defenderam diálogo e o respeito à Constituição.
O presidente do STF, Luiz Fux, fez o discurso mais incisivo. Disse que quem prega desobediência a decisões judiciais, se estiver revestido de cargo público, como é o caso de Bolsonaro, comete crise de responsabilidade, que deveria ser apreciado pelo Congresso. E mandou um recado definitivo: “ninguém fecha essa Corte”.
Os atos de 7 de Setembro tiveram dois grandes momentos, em Brasília e em São Paulo. Ambos aconteceram pacificamente, mas com pautas antidemocráticas, como pedido de intervenção militar, fechamento do Supremo e desobediência à Constituição. Os líderes do Congresso e o ministro Fux conderam as narrativas de ódio. As manifestações mobilizaram milhares de pessoas no País. Partidos de oposição, ao mesmo tempo, estão se articulando para discutir o impeachment de Bolsonaro.
Mobilização pelo WhatsApp
Os atos dos caminhoneiros estão sendo articulados pelo WhatsApp. Parentes deles estão sendo informados da evolução dos atos. O Hora Campinas teve acesso a algumas trocas de mensagens. Os caminhoneiros têm reiterado que não têm prazo para terminar as paralisações. Afirmam também às suas famílias que não sabem quando voltarão para suas casas. Por conta do risco de desabastecimento nos postos de gasolina, várias pessoas correm para abastecer os seus carros.