Todos nós somos frutos de inúmeras ações voluntárias. É por meio delas que recebemos carinho, atenção e amor, desenvolvendo dons que nos fortalecem. Essa riqueza humana, concedida espontaneamente, construiu um mundo de oportunidades, que só será conquistado se compreendermos o valor dessas ações solidárias.
O desejo inexplicável de ajudar, de sentir a dor e até de se entristecer pelo sofrimento de alguém que nem conhece é o que nos torna mais humanos. Essa transcendência dá sentido à nossa existência e cria significado para a vida, para a família, para o trabalho; enfim, nos valoriza como seres pensantes e responsáveis.
Ser voluntário não é ser bonzinho, aliás é bem distante disso. É crescer como indivíduo, como cidadão e como profissional. É não viver “da” comunidade, mas “na” comunidade, compartilhando habilidades e ensinamentos. É transformar a sociedade para que ela caminhe na direção do futuro que desejamos. É contribuir para um mundo onde o justo seja aquilo que todos possam sonhar e realizar. É construir o nosso próprio tempo.
Descubra o seu potencial, tanto humano quanto criador, e inicie um modelo de relacionamento estimulante com a comunidade ao seu redor. Se olharmos no nosso entorno veremos que podemos fazer muito pelo outro.
Quando toda a sociedade compreender do que é capaz, que, por meio da solidariedade, construiremos um planeta melhor, que o voluntariado é o alicerce dessa construção e que a nossa vontade é uma ferramenta essencial para transformar, estaremos preparados para vivenciar a comunhão de um universo justo e fraterno.
A solidariedade é o alicerce de uma sociedade justa e equitativa. Como afirmou Léon Bourgeois, idealizador do solidarismo, “o indivíduo isolado não existe”. Somos interdependentes, e cada ação altruísta contribui para o bem-estar coletivo. Ao considerarmos nossa dívida social, promovemos uma cultura de responsabilidade e empatia, essenciais para o desenvolvimento humano integral.
A prática do voluntariado, não beneficia apenas aqueles que recebem ajuda, mas também enriquece a vida de quem oferece seu tempo e habilidades. Estudos demonstram que o envolvimento em atividades voluntárias está associado a melhorias na saúde mental e física, além de fornecer um senso de propósito e pertencimento. Ao nos engajarmos em ações solidárias, cultivaremos uma sociedade mais coesa e resiliente.
Como nos lembra o sociólogo e historiador brasileiro Gilberto Freyre, é na convivência e na solidariedade que se moldam os laços mais profundos de uma sociedade. Ao compreender o valor das relações humanas e da partilha, percebemos que a transformação social não depende apenas de grandes mudanças, mas de pequenos gestos que fortalecem a nossa identidade coletiva.
O voluntariado é, assim, uma forma de resgatar essa essência, promovendo a inclusão, o respeito e a esperança num País que se constrói todos os dias pela força das suas comunidades. E só uma mudança assim nos permitirá viver melhor.
Luis Norberto Pascoal é empresário e presidente da Fundação Educar