O balanço final dos estragos causados pela tempestade que atingiu Campinas na tarde de terça-feira (17) apontou, entre vários problemas, a queda de mais de 100 árvores na cidade. Nesta quarta-feira (18), outras 50 também caíram em razão das fortes chuvas.
Em entrevista na hora do almoço desta quarta-feira, o prefeito Dário Saadi confirmou a informação recebida da Defesa Civil e atribuiu o problema à “saturação (encharcamento) do solo”. Ambientalistas de Campinas, no entanto, contestam o prefeito e afirmam que a causa do alto número de árvores tombadas se resume a dois fatores: “plantios em locais errados” e “podas realizadas sem critério”.
Das árvores que caíram em Campinas, muitas tombaram no meio de vias públicas causando a interrupção no trânsito de veículos. Uma de grande porte atingiu o muro da Escola Estadual Prof. Djalma Octaviano, no Jardim Pauliceia. No Taquaral, uma moradora ficou impedida de sair de casa em função de uma árvore caída sobre o portão.
“O que observamos em Campinas são árvores de grande porte que deveriam estar em praças, parques e bosques para poderem crescer e desenvolverem as raízes, mas que, na realidade, estão plantadas em calçadas estreitas”, explica o ambientalista Paulinho Olivieri.
Ele acrescenta ainda que as podas realizadas pela Administração e CPFL são prejudiciais. “A forma como o serviço é feito acaba adoecendo as árvores e tirando o equilíbrio natural delas, deixando-as suscetíveis aos ventos”, afirma o ambientalista. “O que tenho acompanhado também são moradores fazendo pedidos de remoção e vistorias, sem serem atendidos.”
Em entrevista recente, o secretário de serviços públicos de Campinas, Ernesto Paulella, diz que todo trabalho de plantio, poda e remoção da Prefeitura é acompanhado por profissionais especializados, como engenheiros agrônomos e biólogos.
Em relação às solicitações da população, ele diz que o atendimento é feito em média dentro do prazo de 60 dias. De acordo com o secretário, todos os meses o Departamento de Bosques e Jardins recebe cerca de 700 pedidos e realiza, em média, 600 podas ou remoções. As solicitações podem ser feitas pelo telefone 156.
Polêmica no Bosque dos Jequitibás
A polêmica envolvendo as árvores de Campinas ganhou força quando uma figueira branca do Bosque dos Jequitibás de cerca de 35 metros caiu sobre um carro na Rua General Marcondes Salgado, matando o motorista de 36 anos.
A tragédia ocorreu na última semana de 2022. Como medida preventiva, a Prefeitura passou a realizar podas nos galhos que ultrapassavam os limites da cerca do bosque e fechou o local para a realização de um estudo das árvores.
As podas foram contestadas por grupos ambientalistas, que impetraram uma ação cautelar no Ministério Público contra a medida e um inquérito foi aberto.