Mais de 73% do investimento na Saúde, em Campinas vem de recursos próprios do município, enquanto a União investe 24% e o Estado 1%. Essa conta se inverteu ao longo dos últimos 20 anos e as responsabilidades com os gastos na área das cidades é cada vez menor.
Os dados foram apresentados pelo prefeito Dário Saadi nesta sexta-feira (11), durante o evento da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que tem como tema “Reflexões sobre os futuros da cidade: saúde e direitos humanos”.
Entre os fatores que têm influenciado no aumento do custo do SUS estão o envelhecimento da população, as doenças crônicas e complexas, o aumento no valor dos produtos da área médica (medicamentos, equipamentos e insumos), migração de pacientes do setor privado para o público e emergências, como pandemias e epidemias.
“Temos várias estratégias para melhorar a gestão e ampliar os recursos que são repassados para os municípios. A primeira delas é a atualização da tabela SUS, que, segundo estudos, há uma defasagem de até 17.000% no preço real do atendimento em comparação com o valor repassado pelo SUS”, disse Saadi.
Dados do Conselho Federal de Medicina apontam que pelo menos 84% dos procedimentos não são reajustados há mais de 10 anos. Para uma consulta especializada, por exemplo, o valor pago na tabela é R$ 10,00.
Outro ponto destacado é a implantação da Programação Geral das Ações e Serviços de Saúde (PGASS), que deve repactuar as responsabilidades, principalmente do financiamento das ações do SUS.
O prefeito também pontuou a necessidade de revisão dos critérios de habilitação de hospitais e serviços, tornando o processo menos burocrático. “O Hospital da Puc, por exemplo, é habilitado para fazer cirurgia cardíaca neonatal e não consegue ser habilitado para atendimento de gestantes de alto risco. É um contrassenso difícil de entender”, explicou. “Essas três ações podem ajudar muito no financiamento da saúde”, completou.
Telemedicina
Dário Saadi ainda propôs o uso da Saúde Digital (Telemedicina) para a redução das filas de especialidades e cirurgias. Outro item destacado foi a importância de uma fila única e transparente, com regras de entrada padronizadas e atualizadas junto ao Ministério da Saúde.
“A saúde digital, a telemedicina, é um importante instrumento para verificar, por meio da teleinterconsulta com um especialista, se aquele paciente precisa continuar na fila para uma consulta presencial ou se ele pode resolver seu problema por meio de uma consulta on-line. Essas estratégias são fundamentais para que a gente reduza as filas em Campinas e no Brasil”, afirmou Dário Saadi.
A teleinterconsulta permite que o médico do Centro de Saúde se comunique com especialistas das policlínicas para tirar dúvidas. Um médico da Atenção Básica, por exemplo, que atende um paciente cardíaco e quer uma segunda opinião sobre o encaminhamento, pode acessar a plataforma e fazer contato com um especialista. Esse retorno pode resolver o caso mais rapidamente, sem a necessidade de uma consulta com especialista. Isso resulta em menos gasto e otimização do tempo.