A organização não governamental Repórter Brasil divulgou nesta segunda-feira (16) que uma mistura de 27 tipos de agrotóxicos foi detectada na água consumida por parte da população de 210 municípios brasileiros, dentre eles Campinas. Segundo a organização, as informações foram obtidas por meio do cruzamento de dados do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde, a partir de testes feitos em 2022. A Sanasa, responsável pelo saneamento de Campinas, emitiu comunicado em que esclarece que os agrotóxicos não são encontrados em redes da Sanasa, mas sim de condomínios, shoppings e empresas
Segundo a publicação da Repórter Brasil, a simples presença de cada agrotóxico em uma amostra não acarreta problemas para a saúde – a maioria dos exames teria identificado uma concentração dentro do limite considerado seguro pelo Ministério da Saúde. O problema é que a legislação do país não considera os riscos da interação entre os diferentes tipos de pesticidas. Essa mistura de substâncias presente nas amostras é que preocupa especialistas ouvidos pela organização.
Segundo os especialistas, o chamado “efeito coquetel” pode gerar consequências desconhecidas ao organismo humano. “O ideal seria não detectar, ou seja, não encontrar nada”, afirma Cassiana Montagner, pesquisadora da Unicamp ouvida pela Repórter Brasil.
“Mas quando há a detecção, ainda que em concentrações menores que o valor máximo permitido, os governos deveriam tomar ações para evitar que esses agrotóxicos apareçam por longos períodos de tempo”, complementa.
Os agrotóxicos detectados em Campinas apareceram em diferentes redes de distribuição da cidade, como condomínios, shopping e empresas. Na Sanasa, companhia que realiza a maior parte do abastecimento da cidade, não houve detecção, segundo a publicação. Já no campus da Unicamp, testes encontraram as 27 substâncias na água.
Na tarde desta segunda-feira, a Sanasa emitiu comunicado sobre o assunto. Confira o texto:
A Sanasa, empresa de economia mista responsável pelo saneamento de Campinas, garante a qualidade da água que fornece à população de mais de 1,1 milhão de habitantes que vive em Campinas. Diariamente, a empresa coleta água de diversos pontos de distribuição para realizar testes em seu laboratório que possui equipamentos analíticos de última geração. Só no ano passado, foram feitos mais de 260 mil testes que asseguram totalmente a qualidade da água que a companhia fornece.
Este monitoramento atende aos parâmetros da Portaria GM/MS 888/21, e os resultados estão dentro dos padrões de potabilidade legais, o que garante a segurança do consumo da água distribuída pela companhia. Especificamente sobre os agrotóxicos, não foram encontrados níveis de presença acima dos limites legais entre o período de 2014 e 2023, conforme informado ao Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (SISAGUA), do Ministério da Saúde.
“A água distribuída pela Sanasa atende a todos os requisitos de segurança para consumo estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Ressaltamos nossa preocupação com as consequências de notícias que causem alarme à população que, diante de informações difusas, deixe de consumir a água de abastecimento público, devidamente tratada e monitorada, passando a utilizar fontes alternativas que possam estar contaminadas, não tratadas e não monitoradas”, alerta o presidente da Sanasa, Manuelito Magalhães Júnior.
Dessa forma, a água distribuída pela Sanasa, no município de Campinas, atende todos os requisitos de segurança para consumo, estabelecidos pelo Ministério da Saúde.