A baixa cobertura vacinal para a Covid-19 na faixa etária entre 5 e 11 anos e o aumento dos casos respiratórios na infância, que estão impactando as redes pública e privada, levaram os integrantes do Comitê de Enfrentamento da Pandemia em Campinas a decidir manter, como obrigatório, o uso de máscaras nas escolas do Município.
A proteção facial tem sido uma estratégia para evitar a disseminação de doenças virais nas salas de aula, não apenas a Covid-19.
A informação foi confirmada nesta quinta-feira (12) pelo secretário municipal de Saúde, Lair Zambon, em entrevista à CBN Campinas. Depois, a assessoria de imprensa da Pasta reiterou ao Hora Campinas que essa é a posição do Comitê de Enfrentamento da doença em Campinas pelo menos até o fim da Emergência Pública de Importância Nacional (Espin) em decorrência da infecção humana pelo novo coronavírus.
A ermergência foi declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em janeiro de 2020 em escala global. No Brasil, foi confirmada em fevereiro de 2020. No mês passado, em 22 de abril, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, declarou o fim da emergência sanitária no País. E deu prazo um transição de 30 dias para os acertos finais.
A decisão de manter o uso de máscara por crianças nas escolas ocorre três dias depois de a Câmara Municipal de Campinas aprovar, por 18 votos a dez, Projeto de Lei do vereador Marcelo Silva (PSD) que torna facultativo o uso de máscara nas escolas de Campinas.
Para reforçar a decisão, O Comitê divulgou nota técnica onde explica as razões. Clique aqui para ver a nota. O documento foi divulgado nesta quinta-feira, 12 de maio. O grupo tomou esta decisão com base na alta ocupação de leitos neonatais e pediátricos e no desafio de ampliação destas estruturas; na baixa cobertura vacinal contra a Covid-19; na baixa exposição das crianças aos vírus respiratórios durante a pandemia, que deixou suscetíveis mais pessoas desta faixa etária, entre outros.
Controvérsia
O assunto segue gerando controvérsia. Para parte dos campineiros, é incoerente “submeter” os alunos ao uso da proteção facial enquanto eles mesmos circulam por shoppings e ambientes sociais sem máscara. Quanto a este argumento, o secretário municipal de Saúde é taxativo: para a escola é obrigatório a criança se deslocar com regularidade, mas para o shopping, não.
Para os contrários ao PL, o argumento pelo fim da obrigatoridade é pobre, pois cabe, à escola, na medida em que recebe este estudante, protegê-lo e garantir ambiente coletivo saudável. Quem ficou contrariado com a aprovação do projeto vê ainda um posicionamento negacionista no resultado.
Na sessão da última segunda-feira, a Câmara também aprovou uma emenda de autoria dos vereadores Rodrigo da Farmadic (União) e Higor Diego (Republicanos) que determina que o uso será facultativo apenas para crianças com ciclo vacinal contra a Covid19.
Por enquanto, a comunidade aguarda o posicionamento do Executivo sobre a aprovação, em caráter definitivo, do PL. Não há prazo para o prefeito Dário Saadi (Repub) sancioná-lo ou vetá-lo.
A julgar pela posição pró-ciência do prefeito, reiterada desde o início da pandemia, e diante do posicionamento da Secretaria Municipal de Saúde, a tendência é que o projeto do vereador Marcelo Silva seja vetado.
O vereador Gustavo Petta (PCdoB), um dos que votaram contra o projeto, elogiou a posição do secretário em post nas redes sociais. “Decisão acertada da Prefeitura. Como o secretário argumenta, a escola é local obrigatório para as crianças e não local opcional, então é preciso essa segurança devido à baixa imunização entre 5 e 11 anos. Vamos continuar na luta pela valorização da saúde e contra a disseminação do vírus”, escreveu.
Baixa cobertura
De acordo com dados da Pasta sobre a situação epidemiológica em Campinas, apenas 41,3% das crianças entre 5 e 11 anos estão com o ciclo vacinal correto para a Covid, ou seja, tomaram as duas doses. Tomaram apenas a dose inicial 57,2% do público-alvo, de acordo com o boletim divulgado nesta quarta-feira (11).
Em relação à população adulta campineira, a adesão é maciça, com 96,6% de cobertura vacinal acima dos 18 anos, com duas doses ou dose única.
A pedido dos leitores do Hora Campinas, o portal publica aqui o placar da votação e quem votou contra e a favor. Foram 18 votos favoráveis ao PL original e dez contra:
A FAVOR
♦ Marcelo Silva
♦ Paulo Gaspar
♦ Major Jaime
♦ Marrom Cunha
♦ Jair da Farmácia
♦ Jorge Schneider
♦ Higor Diego
♦ Filipe Marchesi
♦ Juscelino da Barbarense
♦ Carmo Luiz
♦ Carlinhos Camelô
♦ Edison Ribeiro
♦ Permínio Monteiro
♦ Arnaldo Salvetti
♦ Debora Palermo
♦ Luiz Cirilo
♦ Rodrigo da Farmadic
♦ Nelson Hossri
CONTRA
♦ Paulo Haddad (Cidadania)
♦ Luiz Rossini (PV)
♦ Rubens Gás (sem partido)
♦ Gustavo Petta (PC do B)
♦ Paulo Bufalo (PSOL)
♦ Mariana Conti (PSOL)
♦ Ccecilio Santos (PT)
♦ Guida Calixto (PT)
♦ Paolla Miguel (PT)
♦ Eduardo Magoga (Podemos)
No embate no plenário, houve troca de farpas e ironias, além de uma repetição do ambiente polarizado politicamente no País, com esquerda e direita protagonizando as narrativas.
A reunião desta segunda-feira, a 27ª extraordinária do ano, foi a primeira realizada no Teatro Bento Quirino, de maneira presencial. Por enquanto, as reuniões estão sendo realizadas sem público, para que haja a certeza da adequação e funcionamento do espaço, mas a Casa avalia a retomada da presença de público e da realização das sessões no horário noturno para ocorrer em breve.