A Secretaria Municipal de Saúde de Campinas está reforçando as ações de orientação contra a febre maculosa no distrito de Joaquim Egídio. A iniciativa ocorre um dia depois de a Secretaria de Estado da Saúde confirmar que a causa da morte da dentista Mariana Giordano, 36 anos, foi por febre maculosa contraída no município. A mulher esteve em Campinas em 27 de maio, em um evento na Fazenda Santa Margarida, no Distrito de Joaquim Egídio (região Leste da cidade).
Mariana e seu namorado, o piloto Douglas Costa, 42 anos, estiveram em Campinas para o evento Feijoada do Rosa. A área fica nas imediações da Rodovia D. Pedro, perto do Rio Atibaia, na região do distrito de Joaquim Egídio. Com muito verde e gramados na parte interna da propriedade, o local pode ter sido o ponto da infecção.
O entorno é considerado área de infestação do carrapato que se hospeda em capivaras e cavalos. Quando o carrapato está infectado pela bactéria do gênero Rickettsia, ele é um potencial transmissor da doença.
Ouça aúdio da diretora do Devisa, Andrea von Zuben, sobre o caso:
A febre maculosa é uma infecção grave, transmitida pelo carrapato estrela infectado.
O namorado dela, morador de Jundiaí, de 42 anos, também esteve no local na mesma data e morreu com os mesmos sintomas. O material coletado do namorado continua em análise no Instituto Adolfo Lutz. Por isso, a causa da morte dele ainda não foi confirmada.
Uma terceira pessoa, uma mulher de 28 anos, de Hortolândia, frequentou o mesmo evento e também morreu com os sinais da doença. Os exames dela seguem em análise pelo mesmo laboratório de referência.
As três pessoas morreram no dia 8 de junho. Os casos eram suspeitos de febre maculosa, dengue ou leptospirose.
Desmonte
Um dia depois de o Instituto Adolfo Lutz confirmar a morte da dentista por febre maculosa, a Associação dos Pesquisadores Científicos de São Paulo (APqC) divulgou nota cobrando ação mais firme do Estado. Para a entidade, há um “desmonte” estatal na estrutura de enfrentamento da doença.
Situação da doença
Campinas e região são áreas endêmicas para a febre maculosa. Neste ano, com o caso da dentista, já são três confirmados no município até o momento, com a causa da morte confirmada pela doença. Duas pessoas eram moradoras da cidade e a terceira foi a dentista de São Paulo.
Se confirmadas como maculosa as mortes do piloto e da jovem de 28 anos, de Hortolândia, que estiveram na Feijoada do Rosa, seriam cinco as mortes este ano pela doença. No ano passado, foram sete em Campinas.
Ações em Joaquim e na Santa Margarida
Imediatamente após ser notificado dos casos, nesta segunda-feira, 12 de junho, o Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) desencadeou uma série de ações de prevenção, informação e mobilização contra a febre maculosa na Fazenda Santa Margarida. O Distrito de Joaquim Egídio é mapeado como área de risco para a doença.
Os responsáveis pela fazenda foram notificados sobre a importância da sinalização quanto ao risco da febre maculosa.
Essa informação é imprescindível para que a pessoa adote comportamentos seguros ao frequentar estes espaços e também para que, após frequentar, se apresentar sinais e sintomas, informe o médico e facilite o diagnóstico.
Nos próximos dias, técnicos do Devisa farão uma pesquisa para verificar como está a infestação de carrapatos (pesquisa acarológica) no espaço.
A Fazenda Santa Margarida é um importante espaço de eventos e entretenimento de Campinas, com shows grandiosos e cerimônias rotineiras de casamentos. Recentemente, grandes nomes da música estiveram por lá, como Seu Jorge e Paralamas de Sucesso. Eventos como esses atraem milhares de pessoas.
Em julho, por exemplo, segundo Instagram oficial da Fazenda, está previsto show com Gusttavo Lima, no dia 21.
Na semana passada, a Prefeitura reforçou as ações de comunicação, informação e mobilizando contra a febre maculosa nos parques da cidade.
Alerta
A febre maculosa tem cura, mas o tratamento precisa ser iniciado precocemente com antibióticos adequados. A diretora do Devisa, Andrea von Zuben, informa que o principal sintoma da doença é a febre alta que pode ser confundida com outras enfermidades. “Por isso é importante que o médico sempre pergunte ou que o paciente relate que esteve em área de vegetação com presença de carrapato ou capivara. Com esse histórico, o tratamento deve ser iniciado imediatamente”, reforça.
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