Dois dias após ter sua história contada em uma reportagem no Hora Campinas, com o título “Servente do MS procura a família da mãe em Campinas”, Paulo Henrique da Costa, de 29 anos, conseguiu localizar a família da mãe Severina Maria da Costa, de 68 anos, cerca de 900 quilômetros distante de Campinas, em Brasília.
Paulo conta que foi procurado por várias pessoas oferecendo ajuda para o reencontro esperado há quase 45 anos. “A reportagem chegou longe. Lá no Paraná, em várias cidades de São Paulo, em Minas Gerais, e muita gente mandou mensagem querendo ajudar de alguma forma”, conta o servente que mora em Água Clara, Mato Grosso do Sul.
“Foi tudo muito rápido”, contou Paulo Henrique da Costa
Justamente por mensagem no WhatsApp, ele recebeu a ajuda fundamental para desatar o nó da trama familiar. “Uma senhora de São José do Rio Preto, chamada Luanda, mandou mensagem e começamos a conversar. Não entendi direito, mas parece que ela trabalha na Secretaria de Saúde e tem acesso a uns cadastros e começou a ajudar. Isso foi na quarta-feira. Foi tudo muito rápido, em menos de meia hora ela começou a enviar uns documentos, com os nomes e os contatos. Ela achou todo mundo. A maior parte das irmãs da minha mão mora em Brasília”, conta.
“Essa Luanda conseguiu entrar em contato com a Cleusa, que é irmã da minha mãe, e pegou as informações”, explica. Tudo isso aconteceu na última quarta-feira (19), um dia depois de a reportagem ser publicada. “Logo quando fui falar com a minha mãe, a bateria do celular dela acabou e ela não consegui encontrar onde recarregar. Então ela só soube do que estava acontecendo na quinta-feira”, diz.
“Minha mãe está muito feliz. Primeiro ela ficou desconfiada, fez um monte de pergunta para mim. Ela só acreditou quando uma das irmãs dela ligou e elas ficaram mais de duas horas na ligação. As outras tias estavam tentando ligar também e só dava ocupado. Tem muita conversa ainda para pôr em dia. Eu já consegui conversar com as minhas tias Valda, Cleusa e o tio Samuel. Mas é muita gente, cada hora aparece mensagem de alguém. Eu estou muito feliz, nem sei explicar. São mais de 80 primos. Fiquei muito feliz porque a gente era em pouco aqui e agora apareceu esse monte de gente”, comemora.
Emoção
Apesar de o avô já ter morrido, Paulo conta que ficou extremamente grato e feliz por descobrir que a avó materna, de 87 anos, está viva. “Eu falei com ela, a gente conversou. Ela também estava procurando a minha mãe havia muito tempo. Ela também tinha esse sonho de encontrar minha mãe antes de morrer. Eu estou feliz demais porque da parte do meu pai eu não tenho mais avós. Não tenho nem como explicar, a sensação é boa demais de ter alguém para chamar de vó. Quero muito conhecer ela, mas ainda não sei quando por causa das nossas condições (financeiras)”, diz.
No final de semana deve acontecer uma chamada de vídeo entre as irmãs e a mãe. “Tem muita coisa ainda para conversar, é uma vida toda longe né, mais de 40 anos”, diz.
Uma das prováveis causas para o desencontro familiar foi a mudança de estado. “Pelo que falaram, moravam todos em Campinas, mas tinham vontade de mudar para Brasília, talvez em busca de trabalho. Eles foram, mas minha mãe ficou em Campinas. Quando eles voltaram para encontrá-la ou buscar minha mãe, ela já tinha ido embora com meu pai e eles se desencontraram.
Com relação ao seu irmão Edson Luiz Ferreira Neris da Costa, filho de sua mãe com o primeiro marido, ainda não foi possível o contato. “Falaram que ele é surdo e mudo e mora em Monte Mor, mas já temos o endereço e tudo. Pelo que um primo falou, parece que um delegado vai lá tentar falar com ele. Não sei se o pai dele ainda está vivo”, explica.
De acordo com Paulo, as tias e avó moram próximos em Brasília. A mãe dele, Severina Maria da Costa, planeja viajar para lá em dezembro, quando tira férias do trabalho, para encontrá-los. “Mas eu não sei se eles vão aguentar esperar. Eles estão bem ansiosos. É uma vida toda perdida né. Acho que logo logo eles vão parar lá em Cassilândia para ver minha mãe. O mais engraçado é que nem precisa de DNA, são todas parecidas”, conta.
Ele diz que, apesar da confiança em localizar os parentes da mãe, não imaginava que seria tão rápido. “Eu jurava que não ia encontrar tão rápido, para ser sincero, achava que ia demorar bem mais. Achava que demoraria mais porque uns três anos atrás eu fiz uma tentativa, com postagens nos grupos de Campinas, mas não dava certo. Mas estou muito feliz. Agora a gente não se perde mais”, diz.
“Minha mãe está com 87 anos, ela sempre pedia a Deus que queria encontrar a filha”, diz Valda Maria da Costa
Valda Maria da Costa, de 55 anos, foi a primeira irmã que conseguiu falar com Severina. “Eu fiquei muito emocionada. Ficamos mais de duas horas no telefone. São mais de 45 anos que a gente não tinha notícia dela. Minha mãe está com 87 anos, ela sempre pedia a Deus que queria encontrar a filha. Minha mãe está muito alegre, não vê a hora de encontrar ela pessoalmente. Foi Deus que usou o Paulo e vocês para que a família se reunisse de novo”, afirma.
Valda conta que a irmã Edileusa morava em Campinas até o ano passado. “Ela trabalhava no Mercado Municipal, mas foi embora para a Bahia. Agora só tenho alguns sobrinhos em Valinhos”, diz.