Somente nesta segunda-feira (7), depois de duas sessões, os vereadores de Campinas aprovaram dois requerimentos de manifestação de pesar pela morte de Olavo de Carvalho – o campineiro que chegou a ser considerado o ideólogo do presidente Jair Bolsonaro.
Antes de ser aprovada, no entanto, a proposta provocou constrangimentos.
A manifestação de pesar estava na pauta do dia 2 de fevereiro, na abertura do ano legislativo de 2022. Só que no momento em que as propostas estavam para ser votadas, os vereadores esvaziaram a sessão. Sem quórum, a votação da homenagem teve de ser adiada.
Como consequência, os outros seis itens da pauta daquele dia que deveriam ser votados em seguida, também tiveram de ser adiados.
Por definição do regimento interno, os requerimentos de pesar e os demais itens da pauta, tiveram de incluídos nas votações da sessão desta segunda (7).
Na semana passada, a vereadora Mariana Conti (Psol), chegou a pedir a rejeição do requerimento. Na sessão desta segunda (7), ela pediu a retirada de pauta.
Na avaliação da vereadora, Olavo de Carvalho foi um dos principais mentores da campanha anti-vacina adotada pelo presidente Bolsonaro e também um dos que mais se empenharam em minimizar os efeitos da pandemia, que até agora matou mais de 630 mil pessoas no Brasil.
Segundo a vereadora, a nota de pesar significa, na prática, uma homenagem. “E fazer homenagem a uma pessoa que foi cúmplice da morte, extrapola todos os limites éticos”, justificou Mariana Conti.
Os requerimentos de pesar foram de autoria dos vereadores Major Jaime (PSL) e Nelson Hossri (PSD) – dois vereadores declaradamente bolsonaristas.
“A esquerda não respeita nem voto de pesar. Defendem Marielle (vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, assassinada em março de 2018); silenciam no caso Adélio Bispo (que teria dado uma facada em Bolsonaro) e não respeitam nota de pesar a um campineiro. Misturam a questão política a ponto de rejeitar nota de pesar”, reclamou o vereador Nelson Hossri.
Olavo de Carvalho morreu no dia 24 de janeiro nos Estados Unidos aos 74 anos, de causas ainda não completamente esclarecidas. Sabe-se apenas que ele teria contraído covid oito dias antes de morrer em um hospital de Richmond, no estado da Virgínia, onde morava.
Olavo de Carvalho juntou seguidores fiéis – entre eles, os filhos de Bolsonaro -, mas também cultivou inúmeros inimigos.
Segundo o jornalista Chico Alves, do UOL, o analista de redes Pedro Barciela identificou que em mais de meio milhão de tuites publicados sobre a morte de Olavo de Carvalho, 71% continham alguma ironia sobre o guru da extrema direita.