Um levantamento feito pela Fundação Lemann, com base nos dados disponíveis pelo Censo 2020 e pelo Medidor SIMET, mostra que apenas 3,2% das escolas do Brasil cadastrados nesta plataforma têm velocidade adequada, em padrão internacional, para oferecer aulas on-line. Para contribuir com a mudança deste cenário, a Fundação Lemann, o NIC.br e a Sincroniza Educação, com apoio de parceiros como Cisco, Instituto Claro e Rede Mulheres do Brasil, lançaram ontem (07) a campanha Nossas Escolas Conectadas 2021, para apoiar secretarias de educação e escolas de todo o país a instalar o Medidor SIMET. A ferramenta gratuita, desenvolvida pelo NIC.br, monitora a qualidade da conexão de Internet e permite o acompanhamento em tempo real das métricas de banda larga fixa nas escolas públicas do país.
O Medidor é considerado um dos melhores instrumentos a nível internacional para identificar em quais unidades de ensino alunos e professores ainda necessitam de acesso à internet de qualidade. Recentemente, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) fez uma parceria com o NIC.br para levar o instrumento para outros países. Com o Medidor instalado, é possível ter um melhor diagnóstico da situação das escolas no país e formular soluções que aumentem o número de unidades conectadas com a velocidade de Internet adequada, garantindo acesso para um aprendizado adequado dos estudantes e à prática docente. Contudo, o Medidor está presente em apenas 27 mil das mais de 140 mil escolas públicas do país, atualmente. Isso significa que não há informações públicas sobre a qualidade da Internet da maioria das escolas, que pode ser ainda pior em mais de 80% das unidades de ensino brasileiras.
Os dados colhidos pelo Medidor são públicos e registrados em um Mapa Nacional de Conectividade, onde secretários e diretores podem consultar os dados de velocidade e outras informações sobre a internet da sua escola. Desse modo, o medidor permite que gestores escolares e redes de ensino tomem decisões com base em informações qualificadas.
De acordo com o Censo 2020, 75% possuem conexão à Internet, contudo, a velocidade que chega nas escolas, segundo o Medidor SIMET, é de 17 Megabits por segundo (mbps). Isso é insuficiente para a retomada das aulas em modelo híbrido. Por exemplo, para que um professor possa fazer uma chamada de vídeo com metade dos alunos que ficou em casa será necessário mais de 100 Megabits. Nos Estados Unidos, o padrão atual é de 1mpbs por aluno, mas no Brasil apenas 904 escolas das 27.541 que estão no Medidor têm essa velocidade hoje em dia (3,2%).
A situação é tão crítica que, mesmo se considerados os padrões atuais brasileiros, a internet ainda assim é insuficiente. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) define a velocidade adequada de acordo com o tamanho da escola. Ainda assim, apenas 5.425 das 27.541 escolas no Medidor têm a velocidade adequada (19,6%).
Também chama atenção as escolas do Norte e Nordeste e escolas rurais. A mediana de velocidade chega a 22.32Mbps no Sul, mas se limita a 9.34, no Norte. A mediana de velocidade também é distinta para escolas rurais e urbanas. Para as urbanas chega a 20.26, enquanto para as rurais é de 8.34.
Dia C
Além disso, a campanha propõe que as redes de ensino organizem um dia para fazer a instalação do Medidor em todas as suas escolas – o Dia C, Dia da Conectividade. Se desejarem, as redes podem contar com o apoio do NIC.br, da Fundação Lemann e da Sincroniza Educação para a realização do Dia C. Também serão compartilhados tutoriais em vídeo e e-books para apoiar escolas e redes interessadas em acompanhar as informações dadas pela ferramenta.
Em 2020, houve uma ruptura nas práticas de ensino e aprendizagem e toda forma de contato entre professores e estudantes precisou de outros meios para acontecer, sobretudo com a ajuda da Internet. Com a retomada das aulas em um modelo híbrido, os professores precisarão encontrar a escola conectada para conseguir atender os alunos que estão em casa também.
Uma pesquisa encomendada pela Fundação Lemann ao Datafolha ouviu professores de todo país e mostrou que eles também consideram a internet das suas escolas inadequada e 73% dos educadores disseram que, mesmo após a pandemia, vão utilizar mais tecnologia no ensino do que usavam antes.
Fundação Lemann
A Fundação Lemann acredita que um Brasil feito por todos e para todos é um Brasil que acredita no seu maior potencial: gente. Isso só acontece com educação de qualidade e com o apoio a pessoas que querem resolver os grandes desafios sociais do país. A instituição realiza projetos ao lado de professores, gestores escolares, secretarias de educação e governos por uma aprendizagem de qualidade. Dá apoio a centenas de talentos, lideranças e organizações que trabalham pela transformação social. Para saber mais: fundacaolemann.org.br.
Sincroniza Educação
A Sincroniza Educação tem o propósito de promover a aprendizagem a partir da adoção de produtos educacionais e Metodologias Ativas nas redes de ensino. O objetivo é formar professoras e professores em todo o Brasil, com soluções inovadoras e contextualizadas. A Sincroniza é parceira de secretarias de educação e organizações que precisam de apoio operacional, técnico ou pedagógico para implementar produtos e programas educacionais em escala. Desde 2017, foram realizados projetos com Khan Academy, Fundação Lemann, Nova Escola e SAS, entre outras organizações, alcançando cerca de 2,5 milhões de estudantes e 149 mil docentes de 10 mil escolas em 325 redes em todos os estados do país.