Os telhados dos prédios que formam o complexo da antiga fábrica Chapéus Cury, em Campinas, começaram a ser removidos recentemente. Um pavilhão inteiro já teve a estrutura completamente retirada, enquanto outros dois estão sem as telhas, restando apenas os vigamentos. As licenças para construção ainda não foram aprovadas pelas Prefeitura, mas o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) já havia informado à empresa quais partes podem ser demolidas.
A companhia responsável pelo empreendimento imobiliário que será construído na área da antiga fábrica Chapéus Cury, sem detalhar, informou que o projeto está na fase de limpeza. Mas é visível que o projeto está um pouco mais avançado, com a remoção dos telhados, além da limpeza do terreno.
A área da antiga fábrica foi vendida para a incorporadora, que vai erguer duas torres residenciais, além de um pequeno shopping na parte de baixo, com salas comerciais e cinema. O projeto está em tramitação na Prefeitura. A fachada e a chaminé são tombadas como patrimônio histórico e devem ser preservadas.
“A Helbor segue rigorosamente a legislação que trata de incorporação imobiliária, respeita as leis municipais das cidades em que atua, e acredita que articular os requisitos estabelecidos pelos órgãos de patrimônio, com a manutenção do uso, do acesso ao público e da integração urbana, é a melhor maneira de preservação do patrimônio histórico e cultural de um município”, afirmou a companhia.
A incorporadora garantiu que vai preservar os bens tombados e que desenvolveu um projeto que valoriza a relação entre o bem tombado e a nova edificação, criando elementos que dão continuidade visual aos planos da fachada, destacando o contraste entre o antigo e novo.
Rosana Delellis, diretora-executiva da Formarte, empresa com foco em preservação do patrimônio, contratada pela construtora, afirmou ao Hora Campinas que a equipe se debruçou sobre o projeto, que além da questão da preservação do patrimônio, incluiu todo o levantamento histórico e as etapas que integram o projeto de restauro. Após o levantamento histórico, que resgatou dados da construção de quase 100 anos, foi feita a elaboração do projeto para análise e aprovação do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc), que já havia delimitado quais eram as áreas que deveriam ser preservadas e as que poderiam ser demolidas no terreno.
Isso se dá porque a fábrica de chapéus teve um crescimento muito grande ao longo de várias décadas do século 20, o que resultou em obras de expansão de construções anexas que não possuíam valor arquitetônico e histórico.
O projeto prevê o restauro cerca de 1,6 mil m² de área construída de elementos arquitetônicos como a fachada principal com suas esquadrias, parte dos muros e a chaminé da antiga fábrica, que será integrada ao espaço comercial proposto no projeto arquitetônico desenvolvido pelo escritório Königsberger Vannucci.
“Viabilizando que esse marco histórico seja observado de perto por qualquer pessoa que visite os espaços comerciais e cinemas projetados, e seja uma referência da região. Atualmente, isso não é possível com o imóvel fechado, e também não o seria, caso fosse um empreendimento de uso exclusivamente residencial”, destacou a incorporadora.
A Prefeitura de Campinas informou que as licenças e autorizações para que as obras do empreendimento comecem ainda não foram emitidas e que o projeto está sob análise.