Um dia após o inédito encontro entre seleções britânicas em toda a história das Copas do Mundo, com vitória da Inglaterra por 3 a 0 sobre País de Gales, resultado que classificou os ingleses em primeiro lugar do Grupo B e eliminou os galeses como lanternas da chave, na última terça-feira (29), a primeira partida internacional de futebol reconhecida pela Fifa completa 150 anos nesta quarta-feira (30), também envolvendo duas seleções nacionais da Grã-Bretanha.
No dia 30 de novembro de 1872, Inglaterra e Escócia empataram em 0 a 0, diante de cerca de quatro mil torcedores, no estádio de críquete Hamilton Crescent, do clube West of Scotland, na região de Partick, na cidade escocesa de Glasgow.
No ano que vem, a rivalidade entre Inglaterra e Escócia viverá mais um capítulo com a realização de um amistoso comemorativo dos 150 anos do confronto, no dia 12 de setembro de 2023, no estádio Hampden Park, em Glasgow.
Menos de 30 anos depois, com participação do ferroviário escocês Thomas Scott, um dos principais responsáveis pela introdução do futebol no interior de São Paulo, surgia a Associação Atlética Ponte Preta, no dia 11 de agosto de 1900.
A Ponte Preta nasceu por iniciativa de um grupo de jovens estudantes do colégio Culto à Ciência, juntamente com trabalhadores da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, que jogavam bola no mesmo bairro que dá nome ao clube. A nomenclatura é proveniente de uma passagem de madeira enegrecida por piche construída pela estrada de ferro naquela região da cidade de Campinas.
Curiosamente, a ferrovia chegou à cidade de Campinas no mesmo ano do primeiro jogo de futebol que se tem registro entre duas seleções representando diferentes nações. No dia 11 de agosto de 1872, três meses antes do histórico duelo britânico entre Inglaterra e Escócia, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro inaugurou o seu primeiro trecho, entre Jundiaí e Campinas.
“Nascido em Glasgow, na Escócia, Thomas Archibald Scott veio ao Brasil naquela época para trabalhar como contramestre, função próxima a de um gerente, na Companhia Paulista em Campinas. Trouxe de seu país o amor pelo futebol e ajudou a fundar o time de futebol Ponte Preta”, informa o site oficial da Fundação Municipal de Ação Social (FUMAS), da Prefeitura de Jundiaí.
“Já em Jundiaí, para onde foi transferido por conta do surto de febre amarela, marcou seu nome entre um dos fundadores do clube Grêmio CP, em 1900, e do Jundiahy Foot Ball Clube, time que originou o Paulista Futebol Clube. Era casado com a filha de escoceses Helen Cowie Scott, com quem teve sete filhos”, acrescenta o texto.
Além de importante propulsora do desenvolvimento socioeconômico do Brasil, a ferrovia também teve papel fundamental no fomento do futebol no país. De acordo com registros oficiais, a primeira partida disputada em território brasileiro ocorreu em 1895, quando funcionários da São Paulo Railway – primeira ferrovia do estado de São Paulo – venceram os da Companhia de Gás por 4 a 2. Considerado o “pai” do futebol no Brasil, Charles Miller defendia o time ferroviário vencedor.
Thomas Archibald Scott nasceu no dia 20 de outubro de 1855, em Glasgow, na Escócia, e faleceu no dia 20 de janeiro de 1914, em Jundiaí, no interior de São Paulo.
“Meu pai, Nelson Scott, me contou que Thomas sofria de um mal no coração e, como tinha direito a uma passagem para Londres a cada dois anos, foi para lá e procurou um médico que lhe deu pouco tempo de vida. Ele, então, falou para o médico que queria morrer na terra dele. O médico perguntou se ele iria voltar para a Escócia. Ele respondeu que não e retornou para o Brasil, para Jundiaí. Pouco tempo depois de morrer, a sua esposa também faleceu e o filho mais velho, John, cuidou dos mais novos, entre eles o meu avô Archibald”, revela Archie Scott, bisneto de Thomas Scott.