O cantor e compositor Tiago Araripe lançou esta semana em formato digital “Terramarear”, terceiro álbum autoral do artista cearense. “Agora que me aproximo dos 70 anos, pensei em celebrar as sete décadas de vida com o maior número possível de amigos, mesmo à distância. Pessoas espalhadas em diversos lugares do mundo, mas perto do coração”, comenta o artista, que desde 2018 vive em Bombarral, pequena vila que fica ao norte de Lisboa, em Portugal.
Ao todo, “Terramarear” reúne 37 artistas, sendo 5 músicos portugueses; 2 músicos africanos: um da ilha da Martinica (Karlos Rotsen, piano em Tudo no Lugar) e outro da ilha de Madagascar (Tahina Rahary, produção musical, violão, flauta, congas, palmas e coro em Abracadabra e Calar pelos Cotovelos); e 6 participações especiais: Isadora Melo, Marcos Lessa, Nonato Luiz, Vânia Bastos, Zeca Baleiro e a cantora portuguesa Mara.
Álbum também reúne 5 parcerias: com Zeca Baleiro, Rogério Franco, Marcos Lessa, Juliano Holanda e Nonato Luiz; e 8 produtores musicais: Adelson Viana, Caio Castelo, Cristiano Pinho, Jefferson Portela, Juliano Holanda, Pablo Romeu, Tahina Rahary e Walter Areia.
Antes mesmo da pandemia, Tiago já vinha com a ideia de lançar o álbum que sucede” Cabelos de Sansão”, lançado pelo Lira Paulistana em 1982, e “Baião de Nós” (2013); além de gravações com Tom Zé e trilhas como “Sargento Getúlio”, entre outros projetos. “Terramarear” reúne 14 de suas composições, solo ou em parceria, algumas delas já lançadas nas plataformas digitais e remasterizadas para o álbum, caso das quatro canções do EP “Na Mala, Só a Viagem” (Bem Aqui, Das Horas, Perder Alguém e De Passagem), gravado no Recife com produção do guitarrista pernambucano Juliano Holanda, pouco antes da mudança de Tiago para Portugal.
Dez canções foram compostas em Portugal e três foram inteiramente produzidas lá: Tudo no Lugar (2018), gravada em Almada com participação da cantora alentejana Mara, grande voz da nova geração do fado português; e Abracadabra (Novas Manhãs Que Virão) e Calar pelos Cotovelos, gravadas em 2019 na aldeia de Fanhais, em Nazaré, com produção musical de Tahina Rahary, multi-instrumentista e compositor de Madagascar que mora há muitos anos em Portugal.
Produção ultrapassou fronteiras. Nenhuma Igual a Você, por exemplo, teve músicos pernambucanos gravando em três países: Portugal (Bombarral, Lisboa), Itália (Roma) e Brasil (Recife); já Lugar ao Sol fez uma conexão Bombarral-Roma-Recife-São Paulo, onde Vânia Bastos gravou sua voz.
Nova parceria com Zeca Baleiro
“Terramarear” traz quatro composições inéditas. Calar pelos Cotovelo é a única faixa pré-pandemia entre as inéditas e surgiu a partir de um pequeno poema que Araripe havia escrito um tempo antes: Diante de silêncios de gelo, / eu me calo / pelos cotovelos.
Já a letra de Casa Cheia foi inspirada no isolamento determinado para conter a pandemia. “Pra um artista, ter a casa cheia é sinônimo de show com bom público. Já no título há evidente contraste com a realidade de teatros fechados e artistas compelidos a recorrerem às lives para se manter na ativa”, relembra Tiago. “
Canção que abre o álbum, Você é um Oásis é uma parceria com Zeca Baleiro, com quem Araripe também divide os vocais. “Trocando palavras com Zeca, ele me propôs nova parceria. Eu havia escrito recentemente a letra desta canção e a enviei em seguida. Em poucos dias, recebi áudio de Zeca com a composição pronta e a mensagem de texto: ‘Pintou um lance meio Cabo Verde aqui. Vê o que acha’. Ouvi e gostei de imediato. Há, na música, um paralelo entre deserto e oceano. Como diz o primeiro verso: ‘Nesse mar de areia branca | e turvas miragens…’. Estamos falando do deserto, claro. E do momento. Enquanto isso, o ritmo da música de Zeca trafega por paisagens litorâneas e igualmente cálidas dos nossos trópicos”, conta Tiago.
“Terramarear”, o título do álbum, expressa a ligação do artista com a natureza.
“Eu o encontrei numa coleção de livros de aventuras que lia quando adolescente e o associei ao percurso iniciado em 2018, quando me mudei para Portugal, num movimento de retomada da minha história musical neste lado lusitano do Oceano Atlântico, mesclando sonoridades brasileiras e portuguesas, culturas e sotaques”, completa Tiago Araripe. A capa é uma releitura do visual da coleção de livros, em criação do diretor de arte André Venâncio, com ilustração de Rodriguez Júnior.
O álbum está disponível nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Music e Youtube