Comandante da Seleção Brasileira desde 2016, quando deixou o Corinthians, clube onde conquistou seis títulos e se tornou um dos maiores ídolos, o técnico Tite também possui forte ligação com a cidade de Campinas. Ex-volante, o atleta vestiu a camisa do Guarani entre 1984 e 1988, entrando em campo em 40 partidas e marcando um gol, antes de decidir encerrar precocemente a carreira de jogador profissional de futebol aos 28 anos, depois de sofrer sérias lesões no joelho quando atuava pelo Bugre.
Nascido e criado em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, Adenor Leonardo Bachi recebeu o apelido de Tite quando ainda era muito jovem e iniciava a carreira como atleta profissional na Sociedade Esportiva e Recreativa Caxias do Sul, clube conhecido simplesmente como Caxias. Na época, o treinador da equipe era Luiz Felipe Scolari, o Felipão, que se confundiu ao chamar Adenor de Tite, quando na verdade queria se referir a outro atleta do time. A partir daí, o apelido pegou.
Após o início da carreira vestindo a camisa do Caxias, Tite também atuou pelo Esportivo, do Rio Grande do Sul, pela Portuguesa, de São Paulo, e estreou vestindo a camisa do Guarani no dia 4 de julho de 1984, quando o time campineiro foi derrotado por 1 a 0 pelo Santos, na Vila Belmiro, pelo Campeonato Paulista. Quatro dias depois, o volante novamente foi titular no empate por 1 a 1 com o Santo André, no Brinco de Ouro da Princesa, pelo Estadual. Neste jogo, Tite rompeu o ligamento cruzado do joelho, deixou o campo extremamente chateado, foi submetido a cirurgia e voltou a atuar apenas após 14 meses. Essa foi a primeira de uma sequência de lesões que atingiram o atleta nos anos seguintes.
Após um longo período de recuperação e enorme sofrimento, Tite retornou aos gramados no dia 3 de novembro de 1985, ao substituir Tosin na vitória do Guarani por 1 a 0 sobre o Botafogo de Ribeirão Preto, no estádio Santa Cruz, pelo Paulistão. Ainda no final daquela temporada, foi titular no empate por 1 a 1 do Bugre contra o Marília, no Brinco de Ouro.
Em 1986, Tite começou a temporada como titular do Guarani e prestigiado com a comissão técnica na época liderada por Lori Sandri. No entanto, na vitória por 1 a 0 sobre o Novorizontino, fora de casa, o volante que estava atuando mais avançado no setor ofensivo, sofreu entorse no joelho e foi obrigado a realizar nova cirurgia.
Após seis meses, o atleta voltou a atuar e aos poucos foi ganhando espaço entre os titulares no time que naquele momento já era comandado pelo técnico Carlos Gainete Filho. Naquele ano, no dia 7 de setembro, Tite marcou seu único gol com a camisa bugrina, na vitória por 1 a 0 sobre o Vasco, em São Januário, pelo Campeonato Brasileiro.
Dez dias depois da vitória sobre o Vasco, o Guarani também derrotou o Náutico pelo mesmo placar, desta vez no Brinco de Ouro, e Tite sofreu nova lesão no joelho. Por conta desse problema físico, foi necessário o atleta ser submetido a uma artroscopia no joelho, e ele voltou a jogar apenas no início de 1987, quando o Bugre já estava na segunda fase do Brasileirão.
Mesmo com a equipe em ótima fase, Tite conseguiu espaço graças ao seu talento, foi titular em várias partidas e se tornou peça importante em uma das melhores campanhas da história do Alviverde, que foi vice-campeão brasileiro naquela temporada.
Na final do campeonato, Tite foi titular e o time campineiro perdeu para o São Paulo na disputa de pênaltis, no Brinco de Ouro, em partida com arbitragem polêmica de José Assis Aragão, que rende reclamações até hoje da torcida bugrina.
Depois da final do Brasileirão de 1986, que teve decisão disputada em 1987, o Guarani se concentrou na disputa da Libertadores e do Paulistão com Tite como peça importante no elenco. No entanto, o volante voltou a sofrer com nova entorse no joelho, em julho daquele ano, e voltou a atuar apenas em setembro de 1988, na derrota por 1 a 0 diante do San Lorenzo, no Brinco de Ouro, pelo torneio continental, mas depois disso não teve sequência no time de Campinas.
Estudos em Campinas, fim da carreira como jogador e sucesso como treinador
Ainda quando atuava no Guarani, Tite sempre se dedicou a carreira de atleta profissional e mesmo sofrendo com diversas lesões, não abaixou a cabeça e também começou a estudar educação física na PUC-Campinas ao lado da esposa Rosmari Rizzi Bachi, também conhecida como Rose. Alunos aplicados, o casal se destacou nas aulas durante a graduação na universidade.
“Tudo aquilo que eu trouxe de informações, reflexões e estudo, mas também de um aspecto de conduta moral, de uma influência direta de princípios e educação, como vocês bem colocam, a pessoa como um todo. Aprendi a refletir, a pensar e talvez essas sejam as grandes riquezas que me permitem agora, de uma forma direta. A todo o grupo docente que também fez parte da minha formação, meu obrigado e meu orgulho de ter participado e ter me formado na PUC-Campinas em meio a uma série de adversidades que teve na minha carreira de jogador de futebol, mas que tive a oportunidade de me formar e sou extremamente agradecido”, pontuou Tite, em participação virtual em evento da PUC-Campinas pouco antes da Copa do Mundo deste ano.
Em 1989 nasceu Matheus Rizzi Bacchi, primeiro filho de Tite com a esposa Rose, com quem é casado há mais de 30 anos. O filho de Tite, atual auxiliar técnico da Seleção Brasileira, nasceu em Campinas pouco antes do volante encerrar a carreira de jogador de futebol no Esportivo do Rio Grande do Sul, também em 1989.
Em 1991, já formado em Educação Física pela PUC-Campinas, Tite iniciou a carreira como técnico de futebol no Caxias. Ainda no Rio Grande do Sul, passou por clubes como Veranópolis, Ypiranga, Juventude e Grêmio. Em 2003, voltou ao futebol paulista para comandar o São Caetano, depois teve a primeira passagem pelo Corinthians, trabalhou no Atlético-MG, Palmeiras, Al Ain e Al Wahda, dos Emirados Árabes, além do Internacional, antes de retornar ao Corinthians.
Antes da volta ao Timão, Tite havia conquistado o Campeonato Gaúcho como técnico do Caxias, foi campeão gaúcho e da Copa do Brasil pelo Grêmio, e também conquistou Copa Sul-Americana, Campeonato Gaúcho e Copa Suruga Bank pelo Internacional.
No Corinthians, se consagrou como o maior técnico da história do clube, ao conquistar o inédito título da Libertadores, o Mundial de Clubes, a Recopa Sul-Americana, o Campeonato Paulista e bicampeonato do Brasileirão.
Em 2016, tornou-se técnico da Seleção Brasileira, ficou em 6º lugar na Copa do Mundo de 2018, foi campeão do Superclássico das Américas em 2018, da Copa América em 2019, vice-campeão da Copa América em 2021 e agora comanda a equipe brasileira em busca do inédito hexacampeonato na Copa do Mundo de 2022, no Catar.