Cerca de dez mil pessoas estão desaparecidas e equipes de emergência descobriram centenas de corpos nos destroços da cidade de Derna, no leste da Líbia, nesta terça-feira (12), depois que as enchentes destruíram represas e bairros inteiros da cidade. Autoridades estimam que o número de mortos chega a 2,3 mil.
A devastação causada pela tempestade no Mediterrâneo mostra a vulnerabilidade de uma nação dilacerada pelo caos durante mais de uma década. O país está dividido por governos rivais, um no leste e outro no oeste, e o resultado tem sido a negligência das infra-estruturas em muitas áreas.
A ajuda externa estava apenas começando a chegar a Derna nesta terça-feira, mais de 36 horas depois do desastre. As inundações danificaram ou destruíram muitas estradas de acesso à cidade costeira de cerca de 89 mil habitantes.
Imagens mostraram dezenas de corpos cobertos por cobertores no pátio de um hospital. Outra imagem mostrava uma vala comum repleta de corpos. Mais de mil cadáveres foram recolhidos, incluindo pelo menos 700 que foram enterrados até agora, disse o ministro da Saúde do leste da Líbia.
Tamer Ramadan, enviado da Líbia para a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, disse em uma reunião da ONU em Genebra, por videoconferência da Tunísia, que pelo menos 10 mil pessoas ainda estavam desaparecidas.
A situação na Líbia foi “tão devastadora como a situação em Marrocos”, disse Ramadan, referindo-se ao terremoto mortal que atingiu perto da cidade de Marraquexe na noite de sexta-feira.
A destruição atingiu Derna e outras partes do leste da Líbia na noite de domingo. Quando a tempestade atingiu a costa, os moradores de Derna disseram ter ouvido fortes explosões e percebido que as barragens de fora da cidade haviam rompido. Inundações repentinas desencadearam-se no Wadi Derna, um rio que corre das montanhas, atravessa a cidade e desemboca no mar. A parede de água “apagou tudo em seu caminho”, disse um morador, Ahmed Abdalla.
Vídeos postados online por moradores mostraram grandes áreas de lama e destroços onde as águas violentas varreram bairros em ambas as margens do rio. Prédios de apartamentos de vários andares que antes ficavam bem afastados do rio tiveram fachadas arrancadas e pisos de concreto desabaram. Os carros levantados pela enchente ficaram jogados uns em cima dos outros.
Outras cidades que sofreram com as inundações são Susa, Marj e Shahatt, segundo o governo. Centenas de famílias foram deslocadas e abrigaram-se em escolas e outros edifícios governamentais em Benghazi e em outros locais do leste da Líbia.