Exatamente um ano atrás, no dia 29 de dezembro de 2022, o mundo inteiro chorava a morte de Pelé, o Rei do Futebol.
Por isso, nesta sexta-feira (29), data que marca o primeiro aniversário da morte de um dos maiores atletas de todos os tempos, brasileiro nato, o Hora Campinas relembra três jogos históricos do lendário craque em gramados campineiros, onde ele atuou tanto com a camisa do Santos quanto da Seleção Brasileira, no período entre o fim dos anos 50 e meados dos 70.
Campeão com quatro gols no Brinco
Logo em sua primeira visita ao estádio Brinco de Ouro da Princesa, no dia 14 de dezembro de 1958, seis meses após se tornar o jogador mais jovem da história a conquistar a Copa do Mundo, na Suécia, com apenas 17 anos e oito meses, recorde que persiste até hoje, Pelé arrasou ao marcar quatro gols na acachapante goleada do Santos por 7 a 1 sobre o Guarani, resultado que garantiu ao Santos o título paulista com uma rodada de antecedência.
Aquele era apenas o primeiro dos 10 troféus estaduais que Pelé viria a conquistar pelo Santos até 1973, além do segundo de um total de onze prêmios de artilheiro que acumularia na história do torneio regional, sendo nove consecutivos entre 1957 e 1965.
Anteriormente, em 1957, Pelé já havia marcado quatro gols sobre o Guarani, em uma vitória do Santos por 8 a 1, na Vila Belmiro, na Baixada Santista. Esse mesmo placar ainda se repetiu no dia 17 de setembro de 1958, novamente na Vila, porém dessa vez com apenas um gol do menino-prodígio do Peixe. Naquele ano, Pelé alcançou a incrível marca de 58 gols (!?) no Campeonato Paulista, algo nunca antes registrado, até hoje jamais igualado e que dificilmente voltará a ser repetido.
Ao todo, Pelé disputou 18 partidas e marcou 16 gols no estádio Brinco de Ouro, sendo 15 deles em duelos entre Santos e Guarani. O único tento que foge à regra ocorreu com a camisa da Seleção Brasileira.
Pelé só voltaria a balançar as redes do Brinco de Ouro quatro anos depois, no dia 26 de agosto de 1962, dois meses após se sagrar bicampeão mundial pela Seleção Brasileira, no Chile. Na ocasião, ele marcou de pênalti, no empate em 1 a 1 entre Santos e Guarani.
O duelo, válido pelo Campeonato Paulista, aconteceu apenas quatro dias antes de o Peixe se tornar o primeiro clube brasileiro campeão da Libertadores, repetindo a dose no ano seguinte. Naquele mesmo período, o Alvinegro Praiano ainda se sagrou bicampeão mundial, entrando na história como um dos maiores esquadrões da história do futebol brasileiro.
Amistoso às vésperas da Copa, com Garrincha em campo
Vestindo a camisa da Seleção Brasileira, Pelé atuou apenas uma única vez em Campinas. Esse memorável episódio aconteceu às vésperas da Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra. Na ocasião, em reta final de preparação para o Mundial, o Brasil disputou uma partida de caráter amistoso no estádio Brinco de Ouro, diante de cerca de 15 mil torcedores, com renda recorde para a época, contra um combinado campineiro formado por atletas de Guarani e Ponte Preta. Mediado pelo importante árbitro carioca Armando Marques, o duelo foi realizado no dia 1º de junho de 1966 e terminou, acredite se quiser, empatado em 2 a 2.
À época com 25 anos, Pelé marcou o segundo gol do Brasil naquela partida. O primeiro tento do escrete brasileiro, que jogou de camisa vermelha e calção azul, foi anotado pelo meia Gérson, o “Canhotinha de Ouro”, abrindo o placar. Os gols do time campineiro, que mostrou muita disposição e buscou o empate duas vezes, foram marcados por dois jogadores bugrinos: os atacantes Nelsinho e Peri, que decretou o placar de igualdade nos minutos finais.
O misto campineiro entrou em campo com uma escalação mesclada bastante equilibrada entre os dois rivais do futebol da cidade: seis titulares pontepretanos e quatro bugrinos.
No total, o jogo contou com a participação de oito atletas da Macaca (Egídio, Beto, Geraldo Scotto, Joaquinzinho, Walter, Rodrigues, Geraldo José e Jonas) e sete do Bugre (Dimas, Deleu, Américo, Nelsinho, Carlinhos, Joãozinho e Peri).
Aquele histórico duelo em território campineiro também contou com a presença em campo de ninguém menos que Garrincha, um dos maiores gênios da história do futebol, bicampeão mundial com a Seleção Brasileira. Conhecido como “anjo das pernas tortas”, em alusão à distrofia física que possuía, o lendário ponta-direita foi protagonista na dobradinha de títulos conquistados pelo Brasil em 1958 e 1962.
Por incrível que pareça, Pelé nunca perdeu atuando ao lado de Garrincha na Seleção Brasileira. Ao todo, entre 1958 e 1966, a dupla disputou 40 partidas, com 36 vitórias e quatro empates. Juntos, marcaram 55 gols: Pelé, 44, e Garrincha, 11. O retrospecto, no entanto, não contabiliza o jogo-treino em Campinas, assim como outros tantos realizados na época.
Maior público da história do Majestoso
Embora o recorde oficial de público do estádio Moisés Lucarelli tenha sido registrado no dia 1º de fevereiro de 1978, quando 37.274 torcedores torcedores assistiram à derrota da Ponte Preta por 3 a 1 para o São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro, não restam dúvidas de que o Majestoso nunca recebeu tanta gente quanto no dia 16 de agosto de 1970. Na ocasião, o estádio pontepretano ficou pequeno para o duelo contra o poderoso Santos do Rei Pelé. Apenas dois meses antes, o camisa 10 havia se sagrado tricampeão da Copa do Mundo.
“A Macaca disputava a liderança do Campeonato Paulista e cerca de 40 mil pessoas superlotaram o estádio: havia gente sobre todas as coberturas e até mesmo no gramado. O público não foi divulgado porque as catracas foram arrombadas em meio ao tumulto para acesso ao estádio”, descreve o jornalista e escritor pontepretano Stephan Campineiro, no livro “Majestoso 70 – O estádio construído pela torcida que tem um time”, publicado em 2018.
O histórico confronto terminou com vitória santista por 1 a 0, com gol do atacante Douglas, após jogada individual de Pelé, diante de um público oficial de 33.228 torcedores, mas certamente superior a 40 mil espectadores. A partida aconteceu apenas cinco dias depois do aniversário de 70 anos da Ponte Preta, que retornava à elite estadual naquela temporada, após uma década lutando na Divisão de Acesso.
Ao todo, Pelé disputou cinco partidas no Moisés Lucarelli, sempre confrontos entre Ponte Preta e Santos, pelo Campeonato Paulista. Ele balançou as redes do Majestoso em três oportunidades e passou em branco duas vezes, mas saiu vitorioso de campo em todas as partidas.