É noite decisiva de semifinal de Copa Sul-Americana no Morumbi. Essa frase tem grande chance de despertar sensações nostálgicas para quem é torcedor da Ponte Preta. Afinal, a maior vitória da Macaca em competição internacional aconteceu exatamente no mesmo local e fase onde o São Paulo enfrenta o Atlético-GO na noite desta quinta-feira (8), às 21h30, valendo vaga na decisão do segundo torneio mais importante da América do Sul.
O Dragão venceu o primeiro jogo por 3 a 1, na semana passada, no Serra Dourada, em Goiânia, portanto garantirá a classificação com um empate ou até mesmo se perder por um gol de diferença. Em caso de vitória do Tricolor Paulista por qualquer placar com dois gols de vantagem, a vaga será decidida nos pênaltis.
Curiosamente, o cenário é o mesmo que a Ponte Preta viveu em 2013, quando a equipe alvinegra surpreendeu a todos e bateu o São Paulo justamente pelo placar de 3 a 1, no primeiro jogo da semifinal, realizado no dia 20 de novembro, feriado da Consciência Negra, diante de mais de 50 mil torcedores adversários presentes nas arquibancadas do Morumbi. Com um empate em 1 a 1 na partida de volta, em Mogi Mirim, a Macaca avançou até a decisão, mas não foi páreo para o Lanús e ficou com a medalha de vice-campeã.
As coincidências são ainda maiores porque o responsável por colocar o Atlético-GO pela primeira vez entre os quatro melhores times da Copa Sul-Americana foi o técnico Jorginho, ex-lateral-direito tetracampeão com a Seleção Brasileira em 1994, o mesmo que conduziu a Ponte na também inédita campanha internacional de nove anos atrás.
No entanto, diferentemente daquela ocasião, quando teve a oportunidade de dirigir a equipe alvinegra até o fim da campanha continental, desta vez o treinador acabou demitido pelo clube goiano às vésperas da disputa da semifinal contra o São Paulo, devido à má campanha no Campeonato Brasileiro. O Atlético-GO é o 19º colocado do certame nacional, mesma posição em que a Ponte Preta acabou rebaixada em 2013. Mais uma ironia do destino.
Há 10 dias, o escolhido para substituir Jorginho e tentar liderar uma reação do Atlético-GO foi o técnico campineiro Eduardo Baptista, outro que também escreveu o seu nome na história da Ponte Preta como o treinador da melhor campanha do clube alvinegro na história do Campeonato Brasileiro, no sistema de pontos corridos, adotado em 2003. Em 2016, sob o comando do filho de Nelsinho Baptista, a Macaca terminou o Brasileirão na 8ª posição, com 53 pontos.
A jornada completa até o vice-campeonato da Sul-Americana
Em 2013, a caminhada da Ponte Preta até a final da Copa Sul-Americana começou em agosto, ainda em território brasileiro, contra o Criciúma, no estádio Heriberto Hülse, em Santa Catarina. A estreia em uma competição continental não poderia ter sido mais animadora, com uma vitória por 2 a 1 que deixou o torcedor pontepretano com o sentimento de que era possível sonhar alto.
Após segurar um empate por 0 a 0 com o Tigre no jogo da volta no Moisés Lucarelli, a Macaca avançou para enfrentar o Deportivo Pasto, da Colômbia, seu primeiro adversário estrangeiro, nas oitavas de final. Graças a um gol de falta de Fellipe Bastos no último lance do segundo tempo, a Ponte Preta levou boa vantagem de 2 a 0 na bagagem para sua primeira viagem internacional, em outubro. O destino era a cidade de San Juan de Pasto, ao sudoeste da Colômbia, a mais de quatro mil quilômetros de Campinas.
A Ponte Preta enfrentou a altitude de 2.500 metros, resistiu à forte pressão dos colombianos e perdeu apenas por 1 a 0, carimbando o passaporte para as quartas de final, onde o desafio seria ainda maior: o Vélez Sarsfield, da Argentina, campeão da Libertadores de 1994. A primeira partida terminou empatada sem gols dentro do Majestoso e obrigou a Macaca a buscar o resultado positivo em Buenos Aires.
Em novembro, havia chegado o momento da primeira vitória fora de solo brasileiro: 2 a 0 no estádio José Amalfitani, com gols de Elias e Fernando Bob, o que credenciou de vez a Macaca como candidata ao título, embora houvesse outro favorito pela frente: o São Paulo, então atual campeão do torneio.
Mas a Ponte Preta não tomou conhecimento do Tricolor na semifinal: sapecou 3 a 1 de virada e calou o Morumbi, com gols do zagueiro são-paulino Antônio Carlos, contra as próprias redes, do atacante Leonardo e do lateral-esquerdo Uendel, todos marcados após o meia Paulo Henrique Ganso ter aberto o placar para a equipe então comandada pelo técnico Muricy Ramalho.
Depois, a equipe do técnico Jorginho sacramentou a classificação com um empate por 1 a 1, com gols de Leonardo para a Ponte Preta e Luis Fabiano, revelado na Macaca, para o São Paulo. O duelo foi disputado em Mogi Mirim, pois o estádio Moisés Lucarelli, em Campinas, não atendia às exigências do regulamento da Conmebol para fases agudas de competições organizadas pela entidade.
Relembre abaixo os lances da histórica vitória da Ponte Preta por 3 a 1 sobre o São Paulo, no Morumbi, pela semifinal da Copa Sul-Americana de 2013:
A grande final reservava o Lanús, mais um argentino no caminho. Na primeira partida da decisão, cerca de 30 mil torcedores lotaram o Pacaembu para assistir o empate em 1 a 1, com outro gol de falta de Fellipe Bastos. Uma semana depois, a capital argentina novamente assistiu a uma invasão em preto e branco. Apesar de sucumbir por 2 a 0 no estádio La Fortaleza, em Buenos Aires, o torcedor pontepretano ficou com sentimento de orgulho por uma campanha que superou todas as expectativas
Após o vice-campeonato da Copa Sul-Americana, logo após a queda para a Série B, em 2013, a Ponte Preta retornou à elite nacional em 2014 e ainda disputou outras duas edições de Copa Sul-Americana, em 2015 e 2017, mas foi eliminada logo nas fases iniciais. Desde 2018, a Macaca vem disputando a Série B.
FICHA TÉCNICA:
São Paulo (1): Rogério Ceni; Paulo Miranda, Antônio Carlos, Rodrigo Caio e Reinaldo; Denilson, Maicon (Luis Fabiano), Lucas Evangelista (Wellington) e Paulo Henrique Ganso; Ademilson (Welliton) e Aloísio. Técnico: Muricy Ramalho
Ponte Preta (3): Roberto (Edson Bastos); Artur, César, Diego Sacoman e Uendel; Baraka, Fernando Bob, Fellipe Bastos (Chiquinho) e Elias (Magal); Rildo e Leonardo. Técnico: Jorginho.
Gols: Paulo Henrique Ganso (SPO), aos 23′, e Antônio Carlos (PON), contra, aos 44′ do 1º tempo; Leonardo, aos 9′, e Uendel, aos 26′ do 2º tempo.
Data: 20 de novembro de 2013 (quarta-feira), às 21h50.
Local: Estádio do Morumbi, São Paulo.
Público: 53.302 pagantes.
Renda: R$ 1.814.485,00.
Juiz: Diego Abal (Argentina).
Cartões Amarelos: Paulo Miranda e Denilson (São Paulo); Cesar, Fellipe Bastos e Uendel (Ponte Preta).