Pedintes e abandonados estão tocando nossas vidas dezenas de vezes por ano na cidade de Campinas. Essas pessoas, quando experimentam sofrimento mental agudo em locais públicos, são apanhadas pela polícia ou por uma ambulância e levadas para onde? Elas ficam jogadas, dormindo nas calçadas ou cantos de lojas. Já tivemos a criação de albergues e muitas entidades de apoio, mas a crise agora tomou proporções inimagináveis, apesar dos esforços do poder público e instituições que promovem ações sociais.
Essa crise, dos ‘sem-teto’ ou dos ‘nem-nem-nem’, não será resolvida sem um movimento exemplar e completo da sociedade. A falta de perspectiva é tamanha que um policial que vive o drama de perto diz: “Não tenho certeza se nada do que fizermos vai ajudar.”
Esse fundo poço profundamente falho que a nossa sociedade começou a plantar em 1990, que muitas vezes é resultado de um pequeno delito se tornando algo terrível na vida de alguém, um acúmulo de erros e falta de oportunidades que se aglutinam sem ninguém dar bola.
A pergunta que não quer calar é: o que aconteceu ontem, vai acontecer hoje e será muito pior amanhã? Para descobrir por que a cidade não conseguiu cuidar das pessoas, é preciso identificar os novos programas que estão fazendo progressos lentos e meticulosos em direção à construção de um sistema melhor para ajudar os necessitados.
Proponho olharmos para trás e avaliarmos os programas que deram certo no passado. O programa BID com a FEAC e o programa Vida Melhor com um grupo de empresários liderados pela Unimed foram capazes de tirar da rua quase 100% das pessoas atendidas.
Imagino que este tema deva envolver muito mais empresas e fundações do que fez no passado. Me proponho a liderar uma iniciativa desse tipo sendo o aglutinador de discussões e propostas. Gostaria de contar com a Prefeitura e Câmara também. Sem politicagem, somente todos propondo colocar a dor do nosso coração sobre a mesa.
Tenho a certeza de que emissoras como a EPTV apoiarão, assim como a nossa Fundação Educar. Mas vejo Campinas com muitas empresas gigantes e muitas pessoas ricas que poderiam, ou deveriam, apoiar esse movimento por um prazo 3 anos — pois se ele não resolver de forma correta ou funcional o problema enfrentado, desistiríamos. Mas sabendo que se fracassarmos em lidar com essa situação, a cidade como um todo ficará ingovernável.
Pense um pouco, se decidir ajudar, fale com o Hora Campinas ([email protected]), que irá também nos ajudar neste tema muito crítico.
Luis Norberto Pascoal é empresário, empreendedor e incentivador de projetos ligados à educação e à sustentabilidade. A Fundação Educar Dpaschoal é um dos pilares de seu trabalho voltado ao desenvolvimento humano e social.