O Verão brasileiro tem sido marcado por tragédias relacionadas a fenômenos climáticos. Dezembro foi um mês dramático para centenas de municípios da Bahia, em especial no Sul do Estado por conta de inundações e destruição. Pelo menos 25 mortes foram registradas, No estado de Minas Gerais, a chuva também causou estragos e deixou vítimas. No último final de semana, no Lago de Furnas, em Capitólio, um paredão se descolou do maciço rochoso e desabou sobre lanchas que faziam um passeio turístico. Dez pessoas morreram, das quais quatro da região de Campinas.
O outro lado dessa chuva intensa e sem trégua é a recuperação dos reservatórios e mananciais. Depois de uma Primavera de grande estiagem, com ameaça até no abastecimento e no fornecimento de energia, a matriz hídrica do Sudeste voltou a exibir vitalidade. Ela ainda está abaixo de outros Verões, mas pelo menos, gradativamente, ganha volume para seguir abastecendo em 20222.
O Sistema Cantareira, quer chegou a operar com índice de 24,9% em 10 de dezembro, há um mês, agora apresenta índice de 28,1%, conforme medição diária feita pela Sabesp, que gerencia o complexo hídrico.
O Cantareira é o maior sistema de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo. Também ajuda a abastecer municípios da região de Campinas. O Rio Atibaia, responsável por 95% do abastecimento de Campinas, é o principal beneficiado por esse ganho de volume. Ele é o vetor das águas que chegam a Campinas.
O sistema tem capacidade de tratamento de 33 mil litros de água por segundo, destinados a 6,5 milhões de pessoas das Zonas Norte, Central e partes das Zonas Leste e Oeste da Capital, bem como os municípios de Franco da Rocha, Francisco Morato, Caieiras, Osasco, Carapicuíba e São Caetano do Sul, além de parte dos municípios de Guarulhos, Barueri, Taboão da Serra e Santo André.
O sistema é formado pelos rios Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Juqueri (Paiva Castro).
Na região de Campinas
Além do fator Cantareira, as chuvas na região de Campinas também têm colaborado para a revitalização dos mananciais e seus afluentes. É o caso do Rio Atibaia, cuja imagem caudalosa voltou a ser observada pelos campineiros.
A melhora do rio é resultado das condições climáticas na Região Metropolitana de Campinas (RMC). De acordo com boletim do Cepagri, da Unicamp, a previsão é de céu parcialmente nublado a encoberto, com pancadas de chuva, até a quinta-feira, em função principalmente da entrada de umidade na baixa troposfera do estado.
Há risco de temporais.
Até a quinta-feira, as temperaturas máximas ficam amenas, devido à maior cobertura de nuvens na RMC. A máxima prevista para esta terça-feira (11) é de 25°C. Na quinta-feira, as máximas já chegam aos 27°C e na sexta-feira devem atingir os 30°C.
PCJ faz advertência
O Consórcio PCJ liberou nesta semana um novo boletim hídrico no qual atenta para a tendência de diminuição de chuvas e das vazões dos rios das Bacias PCJ
Mesmo com a ampliação dos dias com precipitações, natural para esse período, o mês de dezembro de 2021 apresentou chuvas abaixo do esperado, cerca de 30,9% abaixo do esperado. No fechamento dos registros pluviométricos de todos os meses, o ano passado seguiu a tendência que tem se verificado na segunda metade dessa década, e registrou 23,13% menos chuva do que aponta as médias históricas.
O objetivo do consórcio é alertar municípios e empresas associados à entidade, além da comunidade, sobre a situação hídrica da região, atentando para medidas que devem ser tomadas para se preparar para possíveis momentos de escassez ao longo de 2022.
O documento relata, também, que as chuvas no Sistema Cantareira, importante manancial para as Bacias PCJ e a Grande São Paulo, foram as menores já registradas para períodos sem crises hídricas, desde o ano 2000. O ano de 2021 registrou 1.087,60mm, quando a média histórica prevê que sejam 1.504,80 mm. Esse número só não foi pior que o de 2014, durante a mais grave crise hídrica já registrada, quando o acumulado do ano foi de 964,90 mm.
As previsões do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – CPETC do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) não são nada animadoras.
Os dados para o primeiro trimestre de 2022 apontam que podem ocorrer chuvas abaixo das médias históricas no Estado de São Paulo, portanto, nas Bacias PCJ também.
A entidade segue com a recomendação de atenção e indica que campanhas de racionalização sejam intensificadas mesmo durante o Verão, já que chuvas acontecerão, mas, podem não ser suficientes para a recarga dos mananciais das Bacias PCJ. Cada gota de água deve ser armazenada durante o período chuvoso para que se tenha como atravessar a estiagem de 2022.
Medidas estruturais como implantação e ampliação de bacias de retenção e piscinões ecológicos devem ser mantidas para tentar aumentar o máximo o nível de recarga do lençol freático e nascentes.
De acordo com o PCJ, a comunidade deve estar preparada para tomar medidas de contingenciamento durante a estiagem, caso precipitações abaixo da média se intensifiquem em 2022