O Instituto Anelo celebra o Dia Internacional do Trabalhador com o lançamento do vídeo com a música Carapuça, de autoria de Luccas Soares, fundador e coordenador geral da instituição, uma associação civil sem fins lucrativos que oferece aulas gratuitas de música na região do distrito do Campo Grande, em Campinas (SP).
A produção audiovisual conta com a participação mais do que especial do cantor, compositor e produtor musical Wilson Simoninha. A estreia será no dia 1º de maio, no YouTube, Facebook e Instagram.
Carapuça é o segundo projeto do grupo Pretas & Pretos, núcleo artístico que reúne apenas músicos negros ligados ao Instituto Anelo – o primeiro foi, justamente, uma versão de Tributo a Martin Luther King, de Wilson Simonal (1938-2000), pai de Simoninha, cujo lançamento ocorreu em 20 de novembro de 2021, Dia da Consciência Negra.
Simoninha, que afirma já ter ficado muito feliz com a homenagem feita pelo Anelo ao seu pai, disse que foi uma alegria muito grande poder participar pela primeira vez de um projeto ao lado dos músicos do Instituto. “(O Instituto Anelo) É um trabalho maravilhoso, que usa a música para transformar a sociedade. A música e a educação são coisas que eu acredito e que considero bandeiras transformadoras. Fiquei muito feliz em participar. Viva!”
Para Lucas Soares, a participação de Wilson Simoninha é uma honra para o Instituto Anelo, principalmente pelo fato de o artista ser uma grande referência para os músicos da instituição. A participação foi gravada no estúdio que Simoninha e Jair Oliveira têm em São Paulo, o S de Samba, e foi acompanhada por um grupo de artistas do Anelo. “Foi uma experiência incrível. Ele foi muito generoso e carinhoso com todos os músicos, e teve um cuidado e uma atenção especial com a música”, disse Luccas. Vale ressaltar que as demais fases da produção foram realizadas no estúdio do Instituto Anelo.
Reflexão
Com Carapuça, Luccas Soares propõe uma reflexão sobre temas pertinentes ao momento delicado pelo qual o país passa, tais como racismo, carestia e precarização do trabalho. Não por acaso, a estreia será às 4 horas da manhã, horário em que parte significativa da população brasileira acorda diariamente para trabalhar.
“Essa música começou a ser escrita em um momento de muito estresse e cansaço em decorrência de tudo que temos passado nos últimos tempos por causa do cenário político, da pandemia de Covid-19, do alto custo para ser viver, do pagar para trabalhar, da falta de respeito com a vida. Um cansaço não só meu, mas de muita gente”, conta.
A letra, aliás, demorou quase um ano para ficar pronta. Luccas conta que começou a compor na manhã do dia 6 de junho de 2021, um domingo, e só terminou a letra praticamente na véspera da gravação. Entre as alterações feitas em relação à ideia original, ele cita o trecho final, incluído por sugestão de sua esposa, Geiza, para quem faltava um “alívio”, uma vez que a letra era “pancada” do começo ao fim.
Dessa forma, ele escreveu os seguintes versos: “Agora a esperança que chegou pra cantar, junto e misturado a gente vai alcançar/ Sim, eu acredito, é possível sonhar, e amar, e amar.” “Afinal” – ressalta Luccas – , “é preciso ter esperança” (VEJA A LETRA COMPLETA ABAIXO).
O título da canção, por sua vez, saiu de uma conversa entre Luccas Soares e Sérgio Britto, dos Titãs, banda parceira do Instituto Anelo desde 2018. Como esta é a primeira vez que o Anelo lança uma música mais ácida, Luccas expressou a Britto o seu temor de que a canção fosse mal interpretada, de que as pessoas pensassem que a letra fala especificamente sobre alguém. A resposta que ouviu foi: “A música é pra quem vestir a carapuça”.
Lançamento do vídeo Carapuça em comemoração ao Dia Internacional do Trabalhador
Quando: 1º de maio de 2022 (domingo)
Horário: 4 horas da manhã
Plataformas: YouTube (youtube.com/institutoanelooficial), Facebook (facebook.com/institutoanelo) e Instagram (@institutoanelo)
Conheça a Letra – Carapuça:
Tô cansado de rir quando quero chorar,
De gritar pra ninguém escutar,
Cansado de pagar pra poder trabalhar.
Tô cansado do palhaço querendo negar, de avisar: ele não dá!
Cansado dessa briga que ninguém vem separar.
Quase tudo é fake, não vai acreditar.
Deixaram a criança outra vez sem jantar,
Triste, é verdade, dói só de pensar.
Fome, violência, injustiça no ar,
Calaram a voz que cansou de clamar:
Tira o pé do meu pescoço, eu pago pra respirar.
Tô cansado de apagar fogueira em alto-mar,
De chamar tubarão pra dançar,
Cansado de rezar pra gente não afundar.
Tô cansado de apanhar sem revidar,
De puxar o papelão pra deitar,
Cansado desse mundo que cobra para girar.
O papo já foi dado, agora bora pensar.
Cada um por si, ninguém vai chegar,
Só trocando ideias pra esse mundo mudar.
Ainda acredito, é possível sonhar, preto, branco, indígena, *sem/não* apartheid.
Junto e misturado, a gente vai alcançar.
Agora a esperança que chegou pra cantar, junto e misturado a gente vai alcançar.
Sim, eu acredito, é possível sonhar, e amar, e amar.