Foi numa noite de quinta-feira como essa, no dia 13 de outubro de 1977, portanto há exatamente 45 anos, que a Ponte Preta sofreu uma das derrotas mais dolorosas de sua história, uma ferida que permanece aberta até hoje no coração do torcedor alvinegro.
Na ocasião, com um esquadrão comandado pelo lendário técnico campineiro Zé Duarte e liderado dentro de campo pelo extraordinário meia Dicá, a Macaca chegou como favorita à grande decisão do Campeonato Paulista, chancelada por uma campanha irretocável nas fases anteriores, mas sucumbiu diante do Corinthians no jogo derradeiro marcado pela polêmica expulsão do atacante Rui Rei, ficando com o gosto amargo de vice.
Com 17 gols marcados naquela edição do torneio estadual, entre eles o da vitória de virada por 2 a 1 sobre o Corinthians, no segundo jogo da final, diante de 146 mil torcedores presentes no Morumbi, recorde de público do estádio até hoje, Rui Rei foi o responsável por forçar a realização da terceira partida, mas terminou como vilão pontepretano, ao ser expulso logo aos 16 minutos por xingar o árbitro Dulcídio Wanderley Boschillia, em protesto pela marcação de uma falta de ataque supostamente cometida pelo jogador.
Alguns dias depois do término do Campeonato Paulista de 1977, Rui Rei deixou a Ponte Preta e acertou com o Corinthians, fato que levantou suspeita sobre a sua expulsão na final diante do próprio Timão.
Com superioridade numérica em campo, o Corinthians até demorou, mas não desperdiçou a oportunidade de balançar as redes e conquistar o título. O grande herói corintiano foi o meia Basílio, autor do gol chorado no fim da partida que tirou o clube do Parque São Jorge de uma fila que já durava 23 anos sem nenhuma conquista.
“Foi a melhor partida do Corinthians em todo o campeonato e acabamos surpreendendo a Ponte, que era mil vezes superior a nossa equipe, não só em termos de time titular, quanto de opções no banco de reservas. Por isso, a gente sabia que precisa se superar para ser campeão e isso acabou acontecendo”, reconhece Basílio.
Embora tecnicamente inferior à Ponte Preta, o Corinthians também havia vencido o primeiro jogo da final pelo placar de 1 a 0, com gol de Palhinha, no dia 5 de outubro de 1977. Além disso, o Timão chegou até a abrir o placar no primeiro tempo da segunda partida, com gol de Vaguinho, mas sofreu a virada na etapa final, com golaço de falta de Dicá e outro tento de Rui Rei, seu último com a camisa da Macaca, no dia 9 de outubro. Todos os jogos da decisão foram disputados no Morumbi.
Um ano depois, para se ter ideia da grandeza daquele time da Ponte Preta, três jogadores foram convocados pelo técnico Cláudio Coutinho para defender a Seleção Brasileira na disputa da Copa do Mundo de 1978, na Argentina. Foram eles o goleiro Carlos e os zagueiros Oscar e Polozzi. Os dois primeiros, posteriormente, também disputariam as Copas de 1982, na Espanha, e 1986, no México.
Na época, a equipe alvinegra também contava com outros jogadores importantes como os laterais Jair Picerni e Odirlei, os meias Marco Aurélio e Wanderley, os pontas Lúcio e Tuta, além do centroavante Parraga.
A Ponte Preta voltaria ser vice-campeã paulista em 1979, 1981, 2008 e 2017.
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FICHA TÉCNICA:
Corinthians (1): Tobias; Zé Maria, Moisés, Ademir e Wladimir; Ruço e Luciano; Vaguinho, Basílio, Geraldão e Romeu. Técnico: Oswaldo Brandão.
Ponte Preta (0): Carlos; Jair Picerni, Oscar, Polozzi e Ângelo; Wanderley, Marco Aurélio e Dicá; Lúcio, Rui Rei e Tuta (Parraga). Técnico: Zé Duarte.
Gol: Basílio (COR), aos 37′ do 2º tempo.
Data: 13 de outubro de 1977 (quinta-feira), às 21h30 (de Brasília).
Local: Estádio do Morumbi, São Paulo (SP).
Público: 86.677 pagantes (93.573, no total).
Renda: Cz$ 3.325.470,00 (Cruzados).
Juiz: Dulcídio Wanderley Boschillia.
Cartões vermelhos: Oscar e Rui Rei (Ponte Preta); Geraldão (Corinthians).