Por Kátia Camargo, Especial para o Hora Campinas
Quando surgiu há 33 anos, a Academia Educar atuava com jovens no contraturno escolar. Por 10 anos, o projeto funcionou bem e chegou a ter uma sede própria em Campinas, onde funcionavam as atividades práticas com os estudantes.
Mas foi o olhar atento e precioso do pedagogo e escritor Antonio Carlos Gomes da Costa (1949-2011) para a Academia Educar que causou uma verdadeira ‘revolição’ (mobilização que parte da vontade de cada indivíduo) e fez com que o tão sonhado protagonismo juvenil buscado pela Academia Educar alcançasse novos voos.
Antonio Carlos dizia que o protagonismo juvenil, enquanto modalidade de ação educativa, é a criação de espaços e condições capazes de possibilitar aos jovens envolver-se em atividades direcionadas à solução de problemas reais, atuando como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso.
Pensando nisso, era preciso que a Academia Educar passasse a habitar outros locais e não se prendesse a uma sede física.
“Eu me lembro que o Antonio Carlos veio para Campinas para estudar a Academia Educar por uma semana. No final do dia, ele me chamou e disse que o nosso projeto estava errado, ‘dando de graça’ aos jovens, ferramentas que eles podiam conquistar sozinhos e, com isso, não despertava o protagonismo. E ele tinha toda razão. Precisávamos incentivar os jovens a ter protagonismo em suas escolas, em seus bairros, em suas comunidades a partir de suas ações. Terminamos o ano e fechamos a sede própria”, diz Luis Norberto Pascoal, idealizador e presidente da Fundação Educar.
Gabriel Agrelli Moreira, que foi líder da Academia Educar em 2007, lembra que deixar o prédio físico causou um estranhamento e até um incômodo nos alunos. “Mas, com o tempo, fomos percebendo que a Academia Educar poderia ser muito mais do que pensávamos e poderia atingir muito mais pessoas. Uma parte dos monitores da época continuaram no projeto para levar o projeto para lugares mais democráticos, como, por exemplo, a escola”.
Desde 2006, a Fundação Educar é parceira das diretorias de ensino Leste e Oeste de Campinas e, desde 2010, da Secretaria Municipal de Educação. “Entendemos que a escola é o um dos principais territórios para a formação de cidadania, pois a escola é para todos e nasceu para desenvolver um cidadão”, explica Cristiane Stefanelli, gestora da Fundação Educar.
Ela conta que a essência de estimular a cidadania ativa, a descoberta do eu, permanece ao longo de toda a história da Fundação. “Mudamos a metodologia no sentido de trazer o jovem para construir ‘com’ e isso é parte da evolução.”
Atualmente, a Academia Educar tem o projeto presencial, em Campinas, e o formato on-line, de abrangência nacional.
“Temos também a Academia Educar em Rede, e ainda a oportunidade de ajudar outras secretarias para levar a Academia Educar para os jovens e adolescentes de outras cidades do Brasil. O nosso desafio enquanto protagonistas é manter a chama, que foi despertada, sempre acessa”, completa Cristiane.
Luis Norberto destaca ainda que a Academia Educar é um plantio de sementes em humanos cujos frutos só serão sabidos no futuro. “A Fundação Educar não nasceu para dar um curso para os jovens, mas para termos uma sociedade mais forte, mais adulta e que, de fato, construa valores melhores para todos”.
Para conhecer mais sobre a história da Academia Educar e suas mudanças veja: