Após anos de estudos e testes em Indaiatuba, que depois se estenderam a Campinas, o Aedes do Bem estará disponível a partir deste mês em todo o país. A novidade é fruto de um trabalho desenvolvido nos últimos 10 anos pela Oxitec. O Aedes do Bem obteve aprovação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) em 2020, a partir dos três anos de projeto-piloto em Indaiatuba. A população brasileira é a primeira no mundo a ter acesso a essa forma segura e sem inseticidas químicos de controle do Aedes aegypti disponível.
No ano passado, o lançamento comercial do Aedes do Bem focou em segmentos de mercado selecionados no Estado de São Paulo, incluindo residências do Parque Oziel, em Campinas, pequenas e grandes empresas, escolas, hotéis, organizações sem fins lucrativos e diversos outros clientes que se inscreveram para proteger seus espaços durante a alta temporada do Aedes aegypti e receberam mensalmente seu kit com a Caixa do Bem.
Nesta nova fase de comercialização, o Grupo Socicam, que utilizou a solução no Terminal Tietê em SP na temporada passada, vai expandir para três novos terminais em São Paulo e Campinas.
O produto é composto por caixas reutilizáveis e refis contendo ovos do Aedes do Bem, que devem ser trocados a cada 28 dias, durante toda a temporada de mosquitos. Após alguns dias, mosquitos machos começarão a sair da caixa e circular pela região, acasalando com fêmeas invasoras do Aedes aegypti.
Os Aedes do Bem, aponta a Oxitec, impedem que as descendentes fêmeas desse cruzamento sobrevivam, o que significa que as gerações subsequentes terão cada vez menos fêmeas – que picam e transmitem doenças – controlando assim a população de mosquitos da espécie.
“A primeira temporada de vendas funcionou como um piloto comercial e estivemos muito próximos a cada um dos nossos clientes, aprendendo e otimizando a solução, a logística e a experiência com o produto antes de expandir para outros segmentos e outros estados. A resposta foi excelente”, explica Natalia Verza Ferreira, diretora geral da companhia no Brasil.
Segundo ela, “nosso objetivo é conscientizar a sociedade em geral por meio de uma campanha forte, unindo empresas, o poder público e a população em torno do combate ao mosquito transmissor da dengue, zika, Chikungunya e febre amarela, trazendo um impacto muito positivo na qualidade de vida de todos.”
A tecnologia da Oxitec foi desenvolvida para entregar, de maneira sustentável e eficaz, uma ferramenta de controle do mosquito Aedes aegypti que é ativada apenas adicionando água. Isso representa um grande avanço no controle seguro e direcionado de vetores de doenças.
“Estamos muito bem-posicionados para atender governos, empresas e a população em geral por meio de distribuidores licenciados a partir do final de outubro, e em lojas de varejo com um produto novo para o consumidor a partir de janeiro de 2023. Com isso, será possível assegurar a cobertura de 100% da população brasileira”, explica Daniel Wanderley, diretor de Desenvolvimento de Negócios da companhia no Brasil.
Nova sede em Campinas
Presente no Brasil desde 2011, a Oxitec foi fundada em 2002, na Universidade de Oxford, no Reino Unido, e desde então vem investindo em soluções sustentáveis para o controle de insetos transmissores de doenças e pragas agrícolas. Este ano, a companhia deve inaugurar um complexo com 5 mil metros quadrados em Campinas, para atender à demanda nacional. “Nossa nova sede contará com tecnologia de ponta para escalonarmos a produção, além de um centro de excelência em P&D que continuará avançando nosso portfólio de produtos”, afirma Natalia.
De acordo com a executiva, que também é cientista e doutora em Genética e Biologia Molecular, a adoção de medidas mais eficazes no controle do mosquito Aedes aegypti se faz cada vez mais importante, visto que só entre janeiro e junho deste ano o mosquito provocou mais de 1 milhão de casos de dengue no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde.
Os últimos 5 anos de parceria com o Município de Indaiatuba produziram um conjunto muito robusto de dados, que foi aceito para publicação em uma revista científica revisada por pares em setembro de 2022.