Subiu de sete para oito o número de áreas em estado alerta para o elevado risco de transmissão de dengue em Campinas. A reintrodução dos vírus tipos 3 e 4 da doença na cidade e a alta de casos levaram a Prefeitura a anunciar nesta terça-feira (19) um pacote de novas ações. Dentre elas, a criação de uma Sala de Situação para análise sistemática, reorganização da rede municipal de saúde e criação de novo site para informar a população.
A Secretaria de Saúde já havia declarado epidemia em abril e o objetivo é evitar uma explosão de casos e novas mortes, além de levar mensagem sobre a necessidade de cuidados à população. Neste ano, Campinas já registrou 10.293 casos confirmados e três mortes pela doença. O total de infectados é o sexto maior da série histórica desde 1998.
De 27 de agosto a 9 de dezembro, a Secretaria de Saúde registrou 997 casos confirmados, alta de 296% sobre os 252 no mesmo período do ano passado.
Isso significa tendência de aumento dos casos confirmados a partir de janeiro e o objetivo da Administração, com as novas medidas, é evitar cenários dramáticos como o de 2015, quando houve a maior epidemia de dengue da história na cidade com 65 mil casos e 15 vidas perdidas.
A recorrência das ondas de calor favorece a proliferação do mosquito Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença e outras arboviroses como chikungunya.
Medidas
A Administração vai investir na divulgação em massa das orientações para eliminar e evitar criadouros do Aedes aegypti, com informes em TVs, rádios, redes sociais, incluindo impulsionamento de conteúdo para regiões mais afetadas. Carros de som irão levar a comunicação aos bairros e engajar os moradores na prevenção.
Um novo site sobre arboviroses https://dengue.campinas.sp.gov.br/ terá atualização diária para informar a sociedade e divulgar materiais educativos. Paralelamente, as redes pública e particular de saúde serão reorganização, incluindo capacitação de equipes para diagnóstico e tratamento a partir de janeiro de 2024, compra de insumos (itens com alta de até 100% para suprir demanda), possível criação das salas de hidratação, aumento da capacidade laboratorial e monitoramento de pacientes e casos suspeitos de dengue.
O prefeito Dário Saadi enfatizou que o enfrentamento à dengue exige responsabilidade compartilhada entre Poder Público e população, e destacou a importância da transparência.
“É um instrumento importante para enfrentar qualquer situação, foi fundamental no enfrentamento à covid-19 e seremos agora”, destacou Dário.
O secretário de Saúde, Lair Zambon, lembrou que a dengue, ao contrário de outras doenças, se caracteriza pela previsibilidade e por isso é necessário a contrapartida da população, ao mesmo tempo que a Administração toma medidas preventivas e de combate.
“Estamos tentando amenizar o que pode acontecer no início de 2024”, falou ao ressaltar a importância da eliminação de pontos com água parada e possíveis focos do Aedes.
Riscos e preocupação
A Secretaria de Saúde destaca preocupação com a possível volta da circulação dos vírus tipos 3 e 4 da dengue em Campinas. Por enquanto não há registros na metrópole, mas outros municípios brasileiros já confirmaram casos de infecções por estes dois tipos.
O tipo 3 do vírus circulou pela última vez na cidade em 2009, e o tipo 4 foi registrado anteriormente em 2014.
Crianças, adolescentes, além de adultos e idosos que não tiveram contato com a doença antes são considerados os grupos mais vulneráveis. Além disso, há risco de dengue grave quando uma pessoa é infectada por um tipo diferente ao anterior.
Aumento de 296%
Levantamento do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) mostra que o índice de infestação pelos mosquitos nos imóveis, obtido pela avaliação de densidade larvária, quase triplicou em um ano: era 0,47 em 2022 e chegou a 1,22 neste ano, o que colocou Campinas na categoria de alerta para essa análise.
Já o Índice de Breteau, que trata sobre o número de recipientes com larvas nos imóveis, passou de 0,5 para 1,4 neste mesmo período.
Imóveis sem acesso
Neste ano, a Pasta também verifica crescimento, pelo terceiro ano consecutivo, da taxa de pendência em ações de combate à dengue. Desde janeiro, metade dos imóveis visitados estava inacessível por estar fechado, desocupado ou por conta da recusa de moradores.
- 2020: 43,5%
- 2021: 44,7%
- 2022: 46,9%
- 2023: 50,3%
A Saúde reforça que os agentes que trabalham nas ações de combate à dengue são da empresa Impacto Controle de Pragas e usam uniforme formado por camiseta branca, com logo da empresa, e calça na cor cinza. Em caso de dúvida, ligue para o 156.
“A gente está bastante preocupado pro ano que vem e com uma tendência de aumento de casos muito grande. Se continuar assim, temos o risco de ter uma epidemia de grandes proporções”, alertou a diretora do Devisa, Andrea Von Zuben.
Bairros em alerta
Campinas tem oito áreas em situação de alerta para elevado risco de transmissão da dengue. São elas:
- Centro e Mansões Santo Antônio – Leste
- Jardim Florence 2 – Noroeste
- Jardim do Lago – Sul
- Jardim Eulina e Parque Via Norte – Norte
- Jardim Adhemar de Barros e Jardim Santo Antônio – Sudoeste