Quando precisamos de mais Paulo Freire na formação dos militares brasileiros, o governo paulista aprova a estapafúrdia escola cívico-militar. Pior cenário não poderia haver, com enfrentamento de policiais despreparados atacando estudantes em protesto na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Os protestos são inúmeros, mas há pouca chance de reverter a decisão, típico de ações da extrema direita aqui e no resto no mundo.
Já estamos lidando com a enorme depauperação do ensino no país. Aliada a mudar o foco da melhoria da educação para o estabelecimento da obediência militar como prática em sala de aula, temos a deturpação do ensino à distância. Sim, eu uso crase na expressão.
A pergunta que dessa discussão resulta é: educação a distância ou distância da educação?
A modalidade funcionaria bem para quem já possui uma sólida formação em alguma área e quer se especializar ou mesmo fazer um novo curso.
O objetivo das propostas atuais é claro para transformar tudo e, especialmente, a formação docente, em algo puramente comercial em que é a quantidade que determina o processo.
São insubstituíveis a vivência presencial para entender relações sociais, o espaço do outro, as diferenças culturais, a cooperação no aprendizado e muitos outros benefícios do olho no olho em uma sala de aula.
Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador da Unesp, membro da Academia de Letras de Lorena, da Academia Campineira de Letras e Artes e do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas.