Nascida do entroncamento de caminhos para a rota do ouro no século XVIII, a Princesa D’Oeste, de coração aberto a todos que por aqui passavam se tornou Campinas. A cidade teste para muitos negócios devido ao seu público altamente crítico; a região mais inteligente e conectada do Brasil; uma cidade latina, poliglota e de muitos sotaques, devido a estudantes do mundo todo e de toda América Latina.
A segunda cidade do Brasil, que não se trata de uma capital e que possui o maior número de startups, segundo a Agência de Inovação da Unicamp. Um município que representa um ecossistema extremamente favorável para investimentos e assim por diante. Que possui como símbolo uma mulher de coração aberto (algo quase redundante) e que tem demonstrado que não se trata apenas de um símbolo, mas de uma realidade.
Nos últimos dias vivenciamos em Campinas uma feira de inovação e tecnologia – a Campinas Innovation Week, que não apenas contou com muitas mulheres nos bastidores, desde a ideação até a execução, mas que criou espaço e deu foco para elas. Algo extremamente necessário para toda a sociedade e que merece ser perpetuado.
Tal evento não se tratou de fato isolado, mas de um movimento que teve início nos anos passados por meio de inúmeras associações e parcerias públicas e privadas do mundo todo.
Aqui no Brasil a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) direta ou indiretamente, acabou por mobilizar outras instituições, como o INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), também, quando se vislumbrou a necessidade da inserção de mais mulheres nas carreiras chamadas STEM (ciência, tecnologias, engenharias e matemáticas), onde nossa presença ainda não é tão significativa – o que soa sempre um tanto quanto estranho, se pensarmos que somos 51,5% da população brasileira segundo o IBGE, mas ainda somos tratadas como minoria, assim como os negros (longe de serem minoria no País) e de certa forma, como já mencionado, culminou na característica do Campinas Innovation.
Dessa forma, caminhando para seus quase 250 anos de existência a figura da Princesa D´Oeste se faz cada vez mais simbólica, forte e necessária e demonstra que ela está de coração aberto para receber todas as mulheres e minorias, como ficou extremamente claro na semana da feira de inovação e tecnologia de Campinas.
E aqui deixo uma indagação particular: Como seria possível falar de inovação, tecnologia e desenvolvimento se não falarmos em diversidade? Ora, se patentes podem ser consideradas inovações que visam às soluções de problemas técnicos, como não considerar visões distintas que apenas a diversidade é capaz de proporcionar?
Pois, sim, experiências diferentes, realidades díspares devem ser consideradas para buscar toda e qualquer solução que culmine em inovação e tecnologia. Do contrário, não haverá inovação em um ambiente carente de diversidade.
Assim, é promovendo, também, a igualdade de gênero – que será atingida em sua totalidade em 131 anos, segundo pesquisas, a inovação e a tecnologia que caminhamos para quase um quarto de século dessa Campinas, que possui tantos desafios e ainda assim consegue prosperar.
Portanto deixo minha gratidão a parte das mulheres que contribuíram para que a inovação, tecnologia e desenvolvimento tivessem como foco tantas outras mulheres.
Clara Toledo Corrêa é especialista em Propriedade Intelectual e Industrial e advogada da Toledo Corrêa Marcas e Patentes – [email protected]