No centenário de Paulo Freire é preciso desfazer alguns mitos e conhecer melhor esse pensador brasileiro.
Paulo Freire não era marxista. Por incrível que pareça, era cristão, católico, com inspiração socialista. Como nordestino conheceu de perto a condição do povo humilde e sem letramento.
Em sua pedagogia propôs o diálogo em círculo como método de aprendizagem: em grupos de trabalhadores no encontro com um educador que promovesse o debate da cultura e da vida, para que se alfabetizassem com as palavras geradoras da consciência e da escrita (tijolo, peixe, aquilo que era significativo para o trabalhador da obra ou o pescador).
O “problema” foi ele ter feito tudo isso no portal da ditadura militar brasileira nos anos 60: uma ameaça enorme ao sistema capitalista, fascista e opressor.
Paulo Freire criticava as relações de poder no ensino tradicional escolar e seu método de memorização, que só favorecia as elites. Num país de base escravagista e coronelista, a educação libertadora de Paulo Freire afrontou contradições sociais ao preconizar a instrução dos trabalhadores livres de clientelismo e paternalismo político, porque preparava para o livre pensar, para a consciência política e a valorização da cultura popular.
Quando disse que o educador “ensina aprendendo” e o educando “aprende ensinando” pressupôs uma experiência igualitária, sem hierarquia de saberes, e valorizou a autonomia, a humildade, a esperança e a transformação do mundo, dos sujeitos, da realidade.
Suas ideias educativas são princípios atualíssimos para os nossos dias, e são aplicadas em muitas áreas além da Educação, como Saúde, Ambiental, etc.
Paulo Freire é um orgulho para nós educadores e cidadãos brasileiros!
Eliana Nunes da Silva é pedagoga