Temos ouvido falar bastante dos jovens Nem-Nem (nem estudam, nem trabalham). Atualmente se fala também dos Nem-Nem-Nem (nem estudam, nem trabalham e nem estão procurando emprego formal). São jovens de até 29 anos que até o segundo trimestre de 2021 representavam 12,3 milhões de pessoas.
Nos últimos dois anos tenho me dedicado junto com o especialista em educação Claudio Moura Castro a criar um projeto que vai ajudar a construir um caminho para esses jovens (Nem-Nem-Nem) voltem a se enxergar como protagonistas de suas vidas, chamado Educação Plural.
Mas, por experiência prática com a Fundação Educar e conhecimento de projetos espalhados por todo o Brasil, quero também chamar a atenção para quando esses jovens têm a oportunidade de voltar a sonhar. Neste caso, eles ajudam a construir um mundo menos desigual, mais pacífico e enxergam que eles próprios devem ser os agentes capazes de realizar esse sonho.
Quando esses jovens enxergam a esperança de um novo tempo, eles passam a acreditar que é preciso escolher melhores representantes políticos e devem assumir parte da governança, começando com algum trabalho voluntário que ofereça instrumentos para melhorar o mundo e transformar a si próprios.
Não são jovens ingênuos, ao contrário, são jovens determinados. Sabem que precisam se realizar profissionalmente, que devem estudar mais, viajar, ter independência financeira para fazer escolhas saudáveis de como querem conduzir suas vidas. Mas também estão dispostos a participar de uma nova causa para construir um mundo menos violento, mais solidário e justo.
É nosso papel ajudar a despertar o potencial desses jovens, eles precisam voltar a acreditar neles, porque quando eles se enxergam, tomam para si a responsabilidade de construir o mundo que desejam, e se transformaram em protagonistas de um novo tempo.
Os antigos “rebeldes sem causa”, que só criavam problemas, podem ser jovens que querem combater a violência sem violência, mas com a compreensão das causas e dos porquês. Querem sim, combater a corrupção, trabalhar a pobreza de forma inteligente, oferecendo soluções concretas e ajudando na educação de nossas crianças e deles.
Stephen Kanitz afirma que todos nós precisamos ser validados, sentir que fazemos parte. Validar significa sermos aceitos como somos e pelo que fazemos. Enfim, os jovens que compreendem bem isso, e tentam validar, por meio de seus projetos sociais, pessoas que nunca tiveram uma oportunidade e que agora começam a enxergar um novo horizonte.
O jovem não é um problema e sim a solução.
Os adolescentes encurralados por um mundo consumista e por valores materiais querem agora valorizar o SER, muito além do TER. Nesse contexto, tornam-se adultos preocupados com o seu bem-estar e com o da comunidade. É isto o que queremos e o que precisamos para construir esse novo tempo.
O professor Antônio Carlos Gomes da Costa (1940-2011) também destacava que uma juventude mais cuidadosa consigo mesma, diante da vida e do meio ambiente, ajuda a construir um futuro melhor e com muito mais esperança.
Precisamos semear agora um novo tempo, como diz a letra da canção de Ivan Lins. Novo Tempo: No novo tempo, apesar dos castigos/ De toda fadiga, de toda injustiça, estamos na briga/Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer/ Pra que nossa esperança seja mais que a vingança/Seja sempre um caminho que se deixa de herança.
Que a gente siga buscando um novo tempo para todos os nossos jovens!
Luis Norberto Pascoal é empresário, empreendedor e incentivador de projetos ligados à educação e à sustentabilidade. A Fundação Educar Dpaschoal é um dos pilares de seu trabalho voltado ao desenvolvimento humano e social