A Justiça condenou Michael Douglas da Silva a 29 anos e dois meses de prisão pelo assassinato da estudante da Unicamp, Mayara Roquetto Valentin, de 23 anos. A jovem foi morta com 28 facadas em maio de 2022, durante um passeio na Serra da Paulista, na cidade de São João da Boa Vista.
Na decisão da juíza Elaní Cristina Mendes Marum, em que o Hora Campinas teve acesso nesta quarta-feira (13), ficou comprovada a “grande periculosidade” do acusado ao cometer o crime de latrocínio – roubo seguido de morte.
“Diante da intensidade da pena, das gravíssimas consequências do crime, e considerando que o acusado demonstrou grande periculosidade e respondeu ao processo no cárcere, não concedo ao réu o benefício de recorrer em liberdade, mesmo porque, conforme reiteradas decisões do Supremo Tribunal Federal, o direito de recorrer em liberdade não se aplica ao réu preso em flagrante delito ou preventivamente”, diz um trecho da sentença, proferida em janeiro desse ano.
Michael está preso desde 18 de maio de 2022. Após a audiência de instrução e julgamento realizada no início de dezembro daquele ano, o processo ficou aguardando a realização de perícias sobre possível insanidade mental e dependência química do réu.
Segundo a assessoria de imprensa do TJ-SP, o Ministério Público, o acusado e a defesa não recorreram da condenação.
“Não havendo valor facilmente apurável que possa ser cominado para a reparação dos danos causados, deixo de arbitrar a indenização prevista no artigo 387, IV, do Código de Processo Penal. Determino a destruição dos objetos apreendidos, com exceção da garrucha e munições, que interessam ao outro processo pela prática de homicídio tentado a que o réu responde”, prosseguiu a sentença.
O CASO
O corpo de Mayara, foi encontrado na Serra Paulista, em São João da Boa Vista, em uma área de mata, próximo à Pedra do Urubu. A jovem havia acabado de se formar como bióloga pela Unicamp e morava em Campinas, mas naquele final de semana foi visitar a família na cidade natal.
Na manhã do domingo, 15 de maio, Mayara saiu para uma caminhada pela área de mata e não voltou. Uma campanha chegou a ser formada pelos amigos ao longo do dia nas redes sociais para tentar localizá-la.
Mayara foi encontrada morta, na segunda-feira (16), em uma ribanceira, com 28 perfurações de faca nos braços, tórax e cabeça. A mãe do suspeito teria reconhecido um chinelo dele encontrado no local do crime.
OUTRA TENTATIVA
O suspeito morava com os pais na cidade e, no sábado, teria tentado matar uma vizinha. Ele atraiu a vítima pedindo ajuda para arrastar um móvel. Quando a mulher entrou no cômodo, ele a atingiu com uma coronhada e tentou atirar algumas vezes, mas a arma falhou.
A vítima lutou com ele e gritou por socorro. Nesse momento ele fugiu para uma área de mata, local onde a universitária foi caminhar na manhã seguinte.
Ainda segundo a Polícia Civil, no quarto do homem havia suásticas e menções ao criminoso Lázaro Barbosa, que aterrorizou Ceilândia, no Distrito Federal, por 20 dias, após assassinar uma família.
O corpo da estudante Mayara foi enterrado na manhã do dia 17, no Cemitério Municipal de São João da Boa Vista, sob comoção de parentes e amigos.
Na época, o Instituto de Biologia da Unicamp determinou luto de três dias pelo falecimento da aluna. “Foi uma aluna extremamente participativa no curso e querida por colegas de sala e docentes. Mayara nos deixa com 23 anos e muita saudade”, expressou a Unicamp.