O Brasil deve atingir a marca de 625 mil novos casos de câncer para cada ano do triênio 2020, 2021 e 2022, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Contudo, as consultas e exames e acompanhamento, em geral, tiveram queda expressiva no mundo todo. O que fez cair o número de diagnósticos. O médico Juvenal A. Oliveira Filho, oncologista e diretor técnico responsável da Clínica Oncocamp, aponta que no pós-pandemia, por conta do represamento de diagnósticos, a população deve estar atenta aos sinais da doença.
“O que a gente tem de informação é de atrasos em consultas, exames e diagnósticos, de mais ou menos 30% a 50%, dependendo da cidade e da região. Na Oncocamp, por exemplo, tivemos uma redução de cerca de 30% nos diagnósticos e no número de pacientes atendidos. Mas esse número realmente varia bastante dependendo da localidade do Brasil”, aponta o médico.
O câncer mais comum no Brasil é o de pele não melanoma, com 177 mil novos casos estimados. Ele corresponderá a 27,1% do total de casos de câncer em homens e 29,5% em mulheres, segundo o levantamento do Inca. Considerando todos os demais tipos de câncer, os mais frequentes na população no triênio serão mama e próstata (66 mil casos cada), cólon e reto (41 mil), pulmão (30 mil) e estômago (21 mil).
Por gênero, os tipos de câncer mais comuns em homens são próstata (29,2%), cólon e reto (9,1%), pulmão (7,9%), estômago (5,1%) e cavidade oral (5%). Nas mulheres, o câncer de mama lidera (29,7%), seguido por cólon e reto (9,2%), colo do útero (7,4%), pulmão (5,6%) e tireoide (5,4%).
“Tivemos recentemente, em 4 de fevereiro, o Dia Mundial de Combate ao Câncer e falou-se muito da falta de acesso e diagnóstico que a pandemia causou”, Juvenal A. Oliveira Filho, oncologista e diretor técnico responsável da Clínica Oncocamp.
Busca ativa
Segundo o especialista, uma estratégia para contornar o problema das consultas e exames que ficaram represados e, consequentemente, o diagnóstico, é fazer uma busca ativa.
“Recebemos muitos pacientes encaminhados por cirurgiões. A gente tem um grupo de trabalho que entra em contato com médicos e hospitais reforçando que estamos trabalhando normalmente, que não paramos durante a pandemia”, explica.
Ele diz que o ideal seria que a rede pública de saúde conseguisse fazer essa busca ativa. “O ideal seria que os postos de saúde conseguissem se mobilizar para convocar os pacientes oncológicos ou que têm sintomas ginecológicos, mama, intestino, próstata, para que procurassem os serviços públicos e os planos de saúde. Isso seria o ideal, sem dúvida, mas nós estamos vivendo surto de sarampo e dengue, que é algo preocupante e sobrecarrega os postos de saúde, então não dá para esperar essa busca ativa”, aponta.
Por conta desses fatores, o médico reforça que a população deve estar atenta aos sinais que podem indicar alguma doença e procurar atendimento o mais rápido possível.
“É importante que se lembrem dos sinais do câncer, por exemplo, rouquidão e tosse persistente são sinais de alerta para o câncer de pulmão. Então precisa focar nos sinais, como linfonodos, gânglios, caroços no pescoço, na virilha, embaixo do braço, perda de peso sem explicação, mudanças intestinais, sangue nas fezes e urina, tudo isso pode ser sinal de que pode haver um tumor. Qualquer dor muito forte nas costas, nas pernas, sem explicação, pode ser sinal de metástase óssea. Verrugas escuras e feridas que não cicatrizam, crise convulsiva que não tem explicação lógica pode ser sinal de um tumor cerebral”, explica.
“A gente precisa sempre falar sobre isso e a imprensa pode e deve colaborar muito nisso para chamar a atenção da população para esses sinais do câncer”, conclui.