A movimentação do comércio em Campinas no mês de agosto, ainda que positiva, pode levar a um aumento da inadimplência em breve, de acordo com a análise do departamento de Economia da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic). Houve aumento das vendas, porém também cresceram as negociações a crédito. As vendas a crédito apresentaram expansão de 22,9% e as vendas à vista, de 1,12%. “É indicativo de uma possível elevação da inadimplência para os próximos meses”, avalia o economista e diretor da ACIC, Laerte Martins.
O faturamento do comércio de Campinas cresceu 11,6%, em agosto de 2022, na comparação com julho do mesmo ano. Se comparado a agosto de 2021, o crescimento foi de 2,6%. Nas vendas físicas, o faturamento do comércio de Campinas, em agosto, foi calculado em R$ 1,20 bilhão, 2,60% acima do valor faturado no mesmo período do ano passado, que foi de R$ 1,14 bilhão.
Na Região Metropolitana de Campinas, o faturamento de agosto foi de R$ 2,8 bilhões, o equivalente, também, a cerca de 2,6% acima do montante faturado em 2021 (R$ 2,7 bilhões).
Nas vendas físicas, o destaque foi o Dia dos Pais. As vendas referentes à data superaram em 6,43% o montante de 2021 na RMC, e em 10,53% em Campinas, com um faturamento de R$ 222 milhões versus R$ 206,5 milhões, em 2021. Já nas vendas online, o Dia dos Pais movimentou, em toda a RMC, R$ 123,3 milhões, o que representa 1,99% abaixo das vendas de 2021, cujo valor ficou em R$ 125,5 milhões.
De acordo com o economista Laerte Martins, o “Varejo Restrito” de Campinas e região apresentou uma expansão positiva em agosto último, quando comparada com o desempenho da categoria sob o efeito do covid-19. “Perante o efeito da expansão dos principais indicadores econômicos (inflação, juros e câmbio em alta, e o poder de compra em baixa), o varejo está em evolução estável, podendo ficar instável, a depender dos efeitos da guerra entre Rússia com a Ucrânia, que pode afetar negativamente toda a economia mundial”, afirma.
Para ele, a perspectiva para o varejo de Campinas e região nos próximos meses é de instabilidade, dependendo, justamente, de uma melhora dos indicadores econômicos, do resultado das eleições e do apaziguamento da crise internacional oriunda do conflito entre Rússia e Ucrânia.
Inadimplência
A inadimplência apresentou elevação de 1,43% no acumulado do ano (janeiro a agosto de 2022), contra o mesmo período de 2021. Foram gerados cerca de 183.028 carnês/boletos não pagos, correspondendo a R$ 150 milhões em valores de endividamento dos consumidores de Campinas. Na RMC, foram gerados, aproximadamente, 435.781 carnês/boletos não pagos, o que equivale a R$ 357 milhões em valores de endividamento dos consumidores. Para o economista Laerte Martins, a perda do poder de compra dos consumidores tem reflexo na expansão da inadimplência.