O líder espiritual Domingos Forchezatto é considerado desaparecido pelo Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil de Campinas. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo (SSP), testemunhas e familiares estão sendo intimados a prestar depoimento, após um Boletim de Ocorrência ter sido feito no 4º Distrito Policial de Campinas, dando conta do desaparecimento de Domingos entre a noite da última quinta-feira (28) e a madrugada de sexta (29). O advogado de defesa de Domingos, José Pedro Said Jorge Júnior, afirmou que “não há a mínima possibilidade de fuga” de seu cliente.
Domingos foi denunciado há cerca de um mês por assédio e violência sexual contra ao menos quatro mulheres, todas frequentadoras do Terreiro de Umbanda Pai Tajubim, no bairro Taquaral, onde Domingos era babalaô (sacerdote e líder espiritual). O caso corre em segredo de justiça na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Campinas. O Terreiro Pai Tajubim suspendeu Domingos e também interrompeu os atendimentos ao público.
O desaparecimento de Domingos teria ocorrido durante um trabalho espiritual realizado por ele em uma região de mata, no distrito de Barão Geraldo, próximo da unidade do terreiro conhecida como “mata”, no bairro Vale das Garças. Testemunhas relataram no BO que Domingos pediu privacidade, à beira do rio Atibaia, para a realização do “trabalho”. Como demorou a voltar, as pessoas que o acompanhavam fizeram buscas pela área onde ele deveria estar e não o encontraram.
No local, acharam apenas alguns pertences de Domingos. Familiares e amigos foram contatados e teve início uma busca mais ampla por ele na área.
Ainda na sexta-feira, o Corpo de Bombeiros foi acionado e vasculhou trechos do rio, também sem sucesso. As buscas prosseguem
O advogado de Domingos confirmou que a Delegacia de Homicídios assumiu o caso. “A pessoa está desaparecida desde quinta-feira, a família não tem nenhuma notícia, é preciso investigar”, questionado sobre a possibilidade de fuga, respondeu “jamais”. “Não há a mínima possibilidade de fuga”, reforçou nesta terça-feira (2). Said Jr. confirmou que Domingos ainda não foi chamado a depor e que o inquérito segue na fase de oitivas. “É difícil formar um convencimento sobre o caso, isso está a cabo da delegacia investigar”, afirmou.
Defesa
A advogada Helena Otoni de Souza, que representa parte das vítimas, soube do desaparecimento de Domingos na segunda-feira (1). Elaborou uma petição para enviar à delegada que cuida do caso, pedindo providências. “Não tenho maiores informações, então não posso me manifestar”, afirmou, a respeito do desaparecimento de Domingos. A petição, diz ela, não trata apenas do desaparecimento de Domingos. Também pede providências da delegada contra “interferências externas”.
“Tem gente entrando em contato com as vítimas, por fora, que a gente ficou sabendo. Tenho informações de terceiros que estão tentando dissuadir as vítimas”, adiantou.
A expectativa de uma das vítimas é que haja um pedido de prisão temporária de Domingos. “Desde que tudo começou estamos acuados, com medo de sair de casa. Ele (Domingos) não veio a público para dizer que é inocente. Acho estranho uma pessoa inocente sumir desse jeito”, afirmou.
Até o momento, cinco vítimas foram ouvidas na DDM, algumas até mais de uma vez. A advogada acredita que há mais vítimas. O inquérito policial ainda não chamou Domingos Forchezatto para depor.