Os moradores de Barretos, Norte de São Paulo, a 330km de Campinas, viveram momentos de tensão e desespero com a forte chuva que desabou nesta quinta-feira à tarde (6). Carros arrastados pela enxurrada, casas e estabelecimentos comerciais invadidos pela água, pontes desabadas, asfalto destruído pela correnteza e pessoas ilhadas. O cenário foi de caos. Vídeos e fotos mostram a dimensão dos estragos. O Hora Campinas reuniu vários deles, que evidenciam que o Município terá muita dificuldade para consertar as avarias. De acordo com os Bombeiros, uma mulher de 77 anos está desaparecida. Ela foi levada pela força da enxurrada nas imediações da Rua 20 entre as avenidas 35 e 37. As buscas começaram assim que o fato foi relatado, e seguem nesta sexta-feira (7). A área central foi uma das mais atingidas pela chuva.
A cidade tem uma característica topográfica que favorece as enxurradas mais fortes, em razão de suas ruas e avenidas em aclive e declive. Além disso, a área urbana é cortada por córregos, entre eles o Aleixo e o Pitangueiras. Este último, com 40km de extensão, é inclusive usado no abastecimento da cidade. Sem espaço para o escoamento, em razão da grande quantidade, a água barrenta percorreu os bairros em velocidade impressionante, destruindo tudo o que tinha pela frente.
O Município decretou estado de calamidade pública. A prefeita Paula Lemos (DEM) foi às redes sociais pedir solidariedade às famílias desabrigadas. Parte delas está acomodada em hotéis e outra em casas de parentes. Não há ainda um balanço final sobre os atingidos. Ela recebeu uma mensagem do governador João Doria (PSDB), que confirmou a liberação imediata de R$ 5 milhões para ajudar a cidade neste período de reconstrução.
Nos vídeos que circularam por grupos de WhatsApp e outras redes sociais é possível ver veículos parcialmente submersos, outros arrastados e tombados, além de lixo, entulho e até caçamba “navegando” pelas águas.
Num dos pontos de medição da pluviometria na cidade, no bairro Zequinha Amêndola, a estação do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) apontou incríveis 128mm em poucas horas. A chuva começou por volta de 13h e se estendeu, dependendo da região, até as 14h30. A média na cidade foi de um volume de chuva próximo a 50mm.
Espanto e medo em vários locais
No pontilhão do bairro Los Angeles, a água inundou todo o vão da estrutura viária. Nenhum veículo podia acessar o trecho. “Olha as placas, cobriu tudo. Só água, água demais. Dá para nadar. Vai encher tudo”, narrou um caminhoneiro que fez o vídeo. “Olha lá, um carro indo embora, um carro indo embora. Tchau, foi embora. A mulher desse carro preto abandonou o carro”, relatou outro morador, em outro ponto da cidade.
Em vários pontos da cidade, a água ocupou toda a via, impedindo o tráfego dos veículos. Nos vídeos a enxurrada está acima do nível da rua, invadindo as casas. Numa das gravações, um morador pede ajuda e diz que já ligou para os Bombeiros, mas ninguém atendeu. O Hora Campinas apurou que as unidades estavam todas em operação, prestando atendimento durante o temporal.
Na Rua 22, próximo à Avenida 41, a força da enxurrada era tanta que era possível ouvir o barulho da correnteza. A água invadiu vários estabelecimentos comerciais daquele setor, tradicional ponto da gastronomia e do entretenimento em Barretos. Nesse trecho, o asfalto foi completamente destruído.
Na Praça da Primavera, que fica numa baixada da Avenida 31, com a Rua 16, a água tomou o espaço. Ali, passa um córrego e tem um espelho d’água, além de várias passarelas que facilitam a travessia dos visitantes. Tudo ficou inundado. Moradores das imediações também tiveram suas casas invadidas pelas águas. A Avenida 31 é um corredor que historicamente absorve a enxurrada de bairros mais altos. A preocupação, sobretudo, era proteger idosos, crianças e pessoas acamadas e com mobilidade reduzida.
Fornecimento de água interrompido
Os estragos acabaram gerando impacto no fornecimento de água à população, já que a casa de bombas de uma das estações ficou inundada. Parte da cidade foi prejudicada com o abastecimento. A enxurrada também provocou o rompimento de uma adutora. Na Avenida Fraternidade Paulista, que liga os bairros Cristiano Carvalho e Barretos 2, dois tradicionais bairros de casas populares da cidade, uma ponte desabou, cortando o acesso entre os dois núcleos urbanos.