O excelente texto de Fernando Schuler, do Insper, na revista Veja, em como oferecer uma condição semelhante para que todos se desenvolvam em um novo modelo de justiça adequado às sociedades abertas, abriu minha cabeça. Ele propõe que deveríamos atender a dois critérios: um de grande tradição liberal, outro de grande tradição social democrata.
Em resumo, ele propõe que devemos oferecer uma base de direitos iguais, ou seja, uma sociedade sem privilégios, sem regalias de favores do Estado, e a partir daí, respeitar as escolhas das pessoas.
O outro critério seria a oferta a cada um, de uma base de oportunidades iguais.
Exatamente como estamos tentando fazer com as metas do Todos pela Educacao, projeto da sociedade cilvil que vem lutando há mais de 13 anos para novos investimentos em escolas públicas, desde a primeira infância, para oferecer bases iguais a todos e neste caso, bases iguais são oportunidades educacionais iguais, até as esportivas.
Como as pessoas nasceram em regiões diferentes e famílias diferentes com talentos distintos, as suas chances serão definidas pela combinação das oportunidades de uma boa educação e de uma família que possa incentivar a fazer o melhor para cada um.
Temos que refletir com calma. Parece simples, mas não é. Pois temos outro desafio extraordinário: estamos com urgência enorme em trabalhar muitos jovens de maneira adequada, os nem-nem-nem, ou seja, aqueles que foram esquecidos pelo sistema, e que já passou da cifra de 10 milhões de jovens.
Não adianta debater que esse jovens não seguem as regras ou não querem trabalhar. Isso é desculpa de quem não quer ver o desafio.
Sim, temos que oferecer a esses jovens uma oportunidade de encontrar uma profissão, um ofício aprendido com as mãos, com um professor prático. E que seja eficiente na forma de passar o conhecimento para que, em poucas semanas ou meses, o jovem ganhe uma capacidade que lhe permita se tornar independente .
Enfim, temos que apoiar o Todos pela Educação e suas metas. Assim como o projeto de apoio aos jovens esquecidos pelo sistema.
Com essa visão, poderá o Brasil encontrar uma equação que permita um equilíbrio no capital humano, muito mais realista do que simplesmente colocar frases do tipo: “você pode”, “acredite que você consegue”.
São frases lindas. Mas precisamos arregaçar as mangas e agir nesses grandes patrimônios desperdiçados até o momento.
Luis Norberto Pascoal é empresário, empreendedor e incentivador de projetos ligados à educação e à sustentabilidade. A Fundação Educar Dpaschoal é um dos pilares de seu trabalho voltado ao desenvolvimento humano e social