Quem é pai ou estudante acordou nesta quinta-feira (20) com mais um sentimento ruim em relação ao cotidiano escolar. O prosaico, rotineiro e estimulante hábito de ir à escola, mais uma vez, foi interrompido pelas redes de ódio que insistem em espalhar boatos, ameaças e amedrontar as famílias. A reação das forças de segurança, porém, foi passar uma mensagem de tranquilidade, reforçando as rondas e mantendo presença ativa nas unidades, como foi o caso da Guarda Municipal (GM), em Campinas.
Num esforço organizado em todo o País, os serviços de inteligência das polícias passaram a monitorar e identificar jovens e adultos que mantinham conversas relacionadas a gerar pânico nos alunos, seja em unidades da Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio ou Ensino Superior. Parte destes criminosos estão sendo presos e deverão ser responsabilizados.
No entanto, a propagação em massa destas ameaças por meio das redes sociais e dos aplicativos de mensagens transformou esta quinta-feira num dia diferente.
Por isso, boa parte das salas de aula estão esvaziadas em várias escolas da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Os pais e estudantes entenderam que, na dúvida, não valia a pena “arriscar” ou “correr riscos”.
O “arriscar” e o “correr riscos” referem-se ao auto anunciado dia 20 em razão de esta data coincidir com os 24 anos do chamado “massacre de Columbine”. Naquele 20 de abril de 1999, um ataque chocou o mundo quando dois estudantes mataram 12 colegas e um professor. Eles feriram outros 21. Para isso, usaram armas de groso calibre e até bombas.
Este efeito sombrio afetou a rotina nas escolas da RMC.
Turmas inteiras decidiram emendar o feriado prolongado de Tiradentes e só voltam às salas na próxima segunda-feira, 24. Equipes pedagógicas estão aproveitando o dia para reuniões de planejamento e capacitação, como foi o caso da rede municipal de Hortolândia. Em Jaguariúna, gestores de uma escola particular incentivaram os profissionais a comparecerem vestidos de branco, numa mensagem de paz e de reforço à cultura da harmonia e da tolerância.
Outra opção foi recorrer ao ensino on-line, voltando momentaneamente aos tempos da pandemia. Isso tem sido feito sobretudo entre os universitários. E não é só para esta quinta-feira. Ao longo desta semana, por exemplo, várias faculdades optaram pelas aulas no formato remoto.
GM em Campinas
A Guarda Municipal (GM) realiza nesta quinta-feira, 20 de abril, operação em todas as escolas públicas municipais e particulares de Campinas. O objetivo é dar tranquilidade aos pais, alunos e a toda comunidade escolar e minimizar riscos em ambiente escolar. A estratégia integra as ações do Comitê de Gestão Integrada para a cultura de paz, lançado pela Prefeitura.
Columbine
O massacre escolar que ocorreu em 20 de abril de 1999, na Columbine High School, em Columbine, segue produzindo seus reflexos mentais e emocionais. De acordo com a Wikipedia, além do tiroteio, o ataque complexo e altamente planejado envolveu o uso de bombas para afastar os bombeiros, tanques de propano convertidos em bombas colocados na lanchonete, 99 dispositivos explosivos e carros-bomba.
Os autores do crime, os alunos seniores Eric Harris e Dylan Klebold, mataram 12 alunos e um professor. Eles também feriram outras 21 pessoas, e mais outras três ficaram feridas enquanto tentavam fugir da escola. Depois de trocarem tiros com policiais respondentes, a dupla cometeu suicídio na biblioteca da escola.
Apesar dos motivos do ataque continuarem incertos, os diários pessoais dos autores do crime documentam que eles desejavam um ataque de magnitude semelhante ao do Atentado de Oklahoma City e de outros incidentes violentos que ocorreram nos Estados Unidos na década de 90.
O massacre provocou debates sobre leis de controle de armas, gangues do Ensino Médio, redes de ódio, subculturas e bullying.
Também resultou em um aumento na segurança de escolas americanas com políticas de tolerância zero e discurssões sobre a cultura de armas e o uso da internet por adolescentes.