A possibilidade de bater novo recorde e alcançar 100 mil casos de dengue até maio pautou a reunião entre integrantes da Secretaria de Saúde de Campinas e representantes dos hospitais das redes pública e particular da cidade, nesta sexta-feira (1). No encontro foram reforçadas as diretrizes de assistência à população e também levantadas sugestões e reivindicações. A cidade registrou 11.188 casos confirmados e uma morte desde 1 de janeiro.
“O grande objetivo da projeção é preparar a rede de saúde e alertar a população. É uma doença incapacitante, dolorida e a gente não quer chegar a um número tão alarmante”, falou a diretora do Devisa, Andrea Von Zuben.
A pior epidemia da história do município ocorreu em 2015 e, à época, foram registrados 65.754 casos e 22 óbitos pela doença.
O prefeito Dário Saadi, ao considerar projeções da Pasta, fez novo apelo para que a população intensifique as ações para eliminar espaços com água que sirvam de criadouros do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, e colabore com as ações feitas pela Prefeitura, entre elas, visitas a imóveis diariamente para orientar moradores, nebulizações, além de mutirões quinzenais.
“Nas próximas semanas isso pode impactar os atendimentos não só do setor público, mas também do privado. Como que a gente enverga essa curva de aumento de casos? A Prefeitura está trabalhando, mas pedindo a colaboração da população”, falou Dário.
A Secretaria de Saúde de Campinas também tem observado aumento de atendimentos a pacientes que apresentam sintomas respiratórios, assim como número de casos confirmados de covid-19 e, consequentemente, internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Diante deste contexto, a Pasta reforça a importância da vacinação contra a doença.
Procura
O presidente da Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar, Sérgio Bisogni, comentou sobre o aumento da procura de moradores com dengue pelos pronto-socorros dos hospitais e unidades de pronto atendimento (UPA). Ele enfatizou, porém, o cuidado para que a população também se preocupe com o contexto do aumento de casos e internações por covid-19 e, por isso, tenha atenção com o esquema vacinal completo.
“Estamos nos preparando com insumos básicos, como soro fisiológico, estocado em quantidade alta, e testes rápidos da covid-19 para a gente fazer o diagnóstico diferencial”, falou. A Rede Mário Gatti abriu dois processos para a compra de 75 mil testes rápidos e, deste total, 25 mil serão adquiridos de forma emergencial, e 50 mil por pregão eletrônico.
Preocupação
Na primeira semana de fevereiro, a Saúde recebeu a confirmação dos primeiros casos de dengue na cidade causados pelos sorotipos 2 e 3 do vírus, que não circulavam desde 2021 e 2009, respectivamente. As amostras de sangue dos pacientes foram analisadas pelo Instituto Adolfo Lutz e antes disso a metrópole só havia registrado sorotipo 1
A circulação simultânea dos sorotipos 1, 2 e 3 do vírus da dengue ocorre pela primeira vez em Campinas.
Os grupos mais vulneráveis para os sorotipos 3 e 4 são crianças, adolescentes e adultos que não tiveram contato com a doença e com estes sorotipos. Há risco maior de dengue grave quando uma pessoa é infectada por tipo diferente ao anterior.
Por enquanto, não houve identificação do sorotipo 4 do vírus da dengue em Campinas. Ele não é registrado na cidade desde 2014, mas já causou infecções em outros municípios.
Orientações sobre assistência
A pessoa que tiver febre deve procurar um centro de saúde imediatamente para diagnóstico clínico sobre a causa do sintoma. Portanto, a Saúde faz um apelo para que a população não banalize os sintomas e também não realize automedicação, o que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação.
Já quem estiver com suspeita de dengue ou doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em UPA.