Aumento do número de casos positivos, registro da primeira morte no Brasil associada à subvariante BQ.1 e crescimento de internações em UTIs ligadas à transmissão do Sars-Cov-2. Os indicadores de que uma “nova onda” de Covid-19 pode surgir colocam o Estado de São Paulo em alerta. A Região Metropolitana de Campinas não tem registro de casos da BQ.1, mas as autoridades mantêm o estado de atenção.
Segundo dados da Secretaria de Saúde, Campinas teve uma alta no número de testes positivos para Covid-19. Nas três últimas semanas, a evolução passou de 2% para 6,3% depois de um período sem alteração significativa nos números. A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea Von Zuben, explica que os novos índices não tiveram efeito sobre as internações, mas ela não descarta uma mudança de cenário, principalmente em função da baixa adesão da população de Campinas à vacinação.
“A vacina não protege a população do vírus, mas minimiza consideravelmente os danos à saúde”, esclarece a diretora do Devisa, que justifica a baixa procura pelas aplicações. “Quando se diminui o número de casos graves, a população tende a não atribuir a mesma importância de antes à vacina”, explica a doutora Andrea, insistindo de que essa mentalidade precisa mudar.
Vacinação
Os dados da vacinação contra a Covid-19 divulgados pela Secretaria de Saúde no último boletim são preocupantes, na avaliação da Pasta. Do total das crianças de 5 a 11 anos, por exemplo, somente 66,3% foi imunizada. Quando a referência é a segunda dose para o mesmo grupo, o número é de 52,9%, quase a metade do total que deveria receber a vacina.
As doses de reforço entre os adultos também estão longe de atingir o índice ideal. Para Andrea, todos os dados deveriam registrar, no mínimo, 90% do total da população. Campinas já aplicou 3.102.170 doses.
“Estamos monitorando a situação, mas é necessário que as pessoas se vacinem”, reforça a diretora do Devisa, que pode voltar a acionar o Comitê Municipal de Enfrentamento da Pandemia caso note uma sequência de evolução nos índices da Covid-19. O Comitê formado em 2020 com o objetivo de realizar uma força-tarefa envolvendo todas as secretarias no combate ao coronavírus, teve sua última reunião em agosto deste ano.
Aglomerações
Uma das preocupações da Secretaria de Saúde é a inevitável aglomeração de pessoas que voltará a acontecer nessa época do ano com a realização da Copa do Mundo. A doutora Andrea Von Zuben orienta àqueles que deixaram as máscaras de lado a voltar a usá-las nas ocasiões de reuniões com muita gente. E reforça o direcionamento a idosos e gestantes.
A Unicamp já anunciou na noite da última quinta-feira (10) a volta da obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes fechados dentro da universidade e no transporte fretado. As aulas presenciais seguem mantidas.
Subvariante
A variante ômicron tem mais de 300 sublinhagens que circulam pelo mundo, entre as quais a BQ.1, detectada em 65 países, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, os estados que já registram casos da subvariante são Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Amazonas.
A primeira morte associada ao BQ.1 no País foi confirmada na terça-feira (8). A vítima é uma mulher de 72 anos que apresentava comorbidades e ficou sete dias internada em um hospital em São Paulo.
Nas duas últimas semanas, o Estado de São Paulo apresentou um aumento significativo na transmissão do Sars-Cov-2, que se reflete principalmente nos indicadores de internações por Covid-19 em leitos de enfermaria e UTI. Respectivamente, esses espaços mostram crescimento de 50% e 56% nos últimos 14 dias.
A informação é do Conselho Gestor da Secretaria de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde de São Paulo (SCPDS) – o antigo Comitê Científico.