Campinas recebe entre os dias 29 de agosto e 3 de setembro o “Festival CRIE como quem LUTA – 2ª edição”, que conta com 10 atrações nas linguagens do circo, dança, fotografia, música, teatro e vídeo e é majoritariamente idealizado, produzido e apresentado por mulheres. Entre as convidadas desta edição estão Socorro Lira (música), Vulcanica Pokaropa (circo), Silvia Kamyla (dança) e Lilly Baniwa (teatro).
O festival ocupará diversos espaços, todos de fácil acesso e localizados na região central de Campinas, a maioria com entrada gratuita. Haverá apresentações no Largo do Rosário, SESI – Campinas, Sesc Campinas, Sala dos Toninhos e Teatro Castro Mendes.
Esta 2ª edição, idealizada e produzida pelo coletivo Caju Cultura (formado pelas produtoras Cassiane Tomilhero, Cristiane Taguchi, Júlia Conterno, Juliana Kaneto e Juliana Saravali), celebra a forma coletiva e integral com a qual o coletivo idealiza e executa seus projetos artísticos, reunindo nesta edição 34 mulheres na cena e também nos bastidores.
“A experiência do Festival CRIE como quem LUTA reafirma para nós uma maneira de trabalhar que a gente quer manter: uma forma coletiva, com equipes cada vez mais compostas por mulheres em toda sua diversidade, com valorização de todas as áreas, não só a artística, e em diálogo com as questões políticas de nosso tempo”, explica Júlia Conterno, integrante do coletivo Caju Cultura.
Além das atrações convidadas, o Festival CRIE como quem LUTA – 2ª edição abriu espaço para as artistas (do circo, da dança, da música e do teatro) da Região Metropolitana de Campinas por meio de uma convocatória para uma residência artística, recebendo a inscrição de 56 mulheres.
Oito foram selecionadas, sendo duas de cada uma das linguagens. Elas mergulharam na temática “Luta – as dores e as delícias que habitam seus corpos no mundo” e criaram coletivamente, com o apoio do festival, cenas que compõem um espetáculo que será apresentado no dia 3 de setembro às 19h no Teatro Castro Mendes.
A montagem foi concebida a partir das trocas entre as artistas durante o mês de agosto, com orientação artística de Cristiane Taguchi. Integram o elenco: Ana Person (música), Ayumi Hanada (dança), Bia Paias (dança), Caroline Novaes (teatro), Giovanna Zottis (circo), Isadora Ifanger (teatro), Luciene Bafa (circo) e Renata Alves (música).
O Festival CRIE como quem LUTA – 2ª edição é patrocinado pelo Fundo de Investimentos Culturais de Campinas – FICC 2022, pertencente à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Campinas. O FICC tem como finalidade fomentar a produção artística local.
Debate abre o festival
A abertura do Festival é um convite à reflexão por meio do Debate Gestão Cultural e Direitos Humanos, que será realizado no formato on-line, transmitido pelo canal de YouTube da Caju Cultura no dia 29 de agosto às 19h.
A atividade é direcionada aos trabalhadores da cultura, artistas, produtoras, gestoras culturais e pessoas interessadas na discussão sobre direitos humanos e culturais, com o objetivo de repensar e atualizar as práticas cotidianas enquanto trabalhadoras e trabalhadores da cultura.
O debate contará com as participações das pesquisadoras Dulci Lima (Brasil) e Romina Bianchini (Argentina) que foram convidadas a compartilhar teorias e práticas antidiscriminatórias no campo da cultura.
Largo do Rosário
O Largo do Rosário será palco para o espetáculo circense Tarântula Transita, com Vulcanica Pokaropa, que será apresentado no dia 30/08, às 16h. Tarântula Transita é uma fábula sobre sonhos, onde quatros amigas passam por adversidades e conflitos para chegar na tão sonhada ascensão que desejam e para isso vão precisar da ajuda do público.
A história é contada através da comicidade, bambolê, malabares, mágica e manipulação de bonecos, trazendo o público para um universo lúdico.
A história do espetáculo é baseada em estudos feitos sobre a Operação Tarântula, que aconteceu no final da ditadura militar no Brasil e tensiona essa realidade que está no passado, mas que se faz tão presente.
A concepção, atuação, texto, direção de arte e produção é de Vulcanica Pokaropa, travesti formada em Fotografia, Mestra em teatro pela UDESC, Doutoranda em Artes pela UNESP. Sua pesquisa aborda a presença de pessoas transexuais, travestis e não bináries no Teatro, Performance e Circo.Ela integra a Cia Fundo Mundo de Circo formada exclusivamente por pessoas Trans. É performer, poeta, artista plástica e visual, além de produtora cultural. A direção do espetáculo é de Cibele Mateus que assina também, ao lado de Vulcanica, a criação dramatúrgica do espetáculo, que contou também com a provocação em comicidade de Karla Concá.
Teatro SESI Amoreiras
A poeta, compositora, intérprete, instrumentista e produtora cultural Socorro Lira apresenta o repertório de seu 15º álbum, Dharma, no teatro SESI Amoreiras no dia 31/08 às 20h. Dharma celebra seus 22 anos de carreira na música e conta com 12 canções compostas em parceria e com participações especiais de Ana Costa, Chico César, Jorge Ribbas, Ná Ozzetti, Ricardo Vignini, Swami Jr. e Zélia Duncan. Os arranjos e a direção musical são de Jorge Ribbas e Ricardo Vignini.
Socorro Lira nasceu no Estado da Paraíba, Nordeste brasileiro, e vive em São Paulo, capital, desde 2004. Formada em Psicologia Social, dedica-se à música desde 2001. Compositora, cantora, escritora e produtora cultural, sua discografia inclui 14 álbuns, 1 DVD e 3 singles e está disponível nas plataformas digitais.
Foi premiada em 2012 e indicada em 2016 e 2017 ao Prêmio da Música Brasileira. Seu trabalho tem sido plataforma para vários projetos que reivindicam espaço para expressão das vozes das mulheres, como no CD Cantos à beira-mar (2019) onde ela dá voz à poesia da primeira romancista brasileira, Maria Firmina dos Reis e o álbum Noturno, sobre poemas da escritora paulista Ruth Guimarães (2022).
Este show conta com intérprete em libras e o local é acessível a pessoas com mobilidade reduzida.
Sesc Campinas
As atrações de dança do Festival CRIE como quem LUTA serão realizadas no Sesc Campinas. No dia 1º de setembro, a bailarina Silvia Kamyla apresenta a intervenção de dança urbana solo “Uma andorinha só não faz verão” às 19h30 no Teatro de Arena do Sesc Campinas.
A performance retrata um momento conflituoso vivido por Silvia Kamyla, como parte da comunidade LGBT e aborda sentimentos como solidão e o medo, sensação de fragilidade diante das violência sofridas por ela e pessoas em sua volta, amigos sequestrados e machucados.
Depois da intervenção, a programação segue no mesmo local com a Batalha-Show: Diálogos Dançantes Improvisados. Silvia Kamyla irá dividir o palco com artistas da dança de Campinas: Hyorrana Lopes, B.Girl Marininha, Paloma Rodrigues e com a DJ Glenda Godoy e a MC Gi Sartori. Serão diálogos dançantes improvisados. O local é acessível a pessoas com mobilidade reduzida.
Ainda no Sesc Campinas, Silvia Kamyla realiza no dia 3 de setembro às 11h a oficina “Dança urbana em cena” para pessoas acima de 18 anos. A proposta é possibilitar o encontro das vertentes urbanas (vindas das comunidades latina, afro, americanas e seus fatores políticos e sociais), com a arte cênica que transforma o corpo urbano em objeto performático. Durante a oficina, serão experimentados modos de criação através de estímulos como questionamentos, pesquisa de movimento, reflexões, objetos e imagens.
Sala dos Toninhos
A performance “Ser-huma-nós” que tem criação, direção e atuação de Lilly Baniwa será apresentada no dia 2 de setembro às 20h na Sala dos Toninhos. Nesta performance, a atriz, diretora, performer, ativista indígena, artista-pesquisadora une e resgata as memórias ancestrais contadas por mulheres indígenas.
Lilly Baniwa é uma mulher Indígena do Povo Baniwa, nascida na Comunidade Nazaré do Rio Içana no Noroeste Amazônico, próximo ao município de São Gabriel da Cachoeira (AM). Saiu da aldeia quando tinha 13 anos para estudar.
Teatro Castro Mendes
O encerramento do Festival será no Teatro Castro Mendes no dia 3 de setembro, onde serão realizadas três atividades da programação. No saguão do teatro, a partir das 18h, o público poderá conferir uma exposição fotográfica que reúne imagens registradas pelas integrantes (artistas, equipe técnica, de produção, administração e comunicação) do festival a partir de um programa performativo, com instruções em comum, desenvolvido por elas durante o festival.
A partir das 19h, serão exibidos os quatro episódios da websérie CRIE como quem LUTA, produzida a partir das captações de imagens feitas por Nina Pires dos quatro números artísticos criados na primeira edição do evento, em 2021.
Logo na sequência, o público poderá conferir o resultado da residência artística realizada na 2ª edição do festival com Ana Person, Ayumi Hanada, Bia Paias, Caroline Novaes, Giovanna Zottis, Isadora Ifanger, Luciene Bafa e Renata Alves. A produção executiva é de Quesia Botelho. Esta apresentação conta com intérprete em libras e o local é acessível a pessoas com mobilidade reduzida.