O Sistema Cantareira, conjunto estratégico de reservatórios que abastecem a região de Campinas e a Grande São Paulo, subiu seu nível de água impressionantes 27 vezes nos últimos 30 dias. A regularidade positiva tem relação direta com o início de Verão chuvoso no Sudeste. Se, por um lado, a chuva tem causado estragos em várias localidades de Minas Gerais e São Paulo, por outro lado tem reforçado os mananciais, contribuindo com um cenário mais confortável para o abastecimento. A chuva em Minas e na divisa com São Paulo é a grande responsável pelo reforço do Cantareira.
O Hora Campinas percorreu neste sábado parte do curso do Rio Atibaia, visível pela Rodovia D. Pedro 1. Responsável pelo abastecimento de 95% da população campineira, o Atibaia está caudaloso. As chuvas nas cabeceiras do rio e em municípios como Atibaia e Itatiba também têm contribuído para a saúde do manancial.
Nos últimos sete dias, por exemplo, o Sistema Cantareira ganhou 2,80% da sua capacidade máxima, o que corresponde a 2.750 milhões de litros, que são equivalentes a 137 mil caminhões-pipa.
O Cantareira está operando em situação normal, com 45,6% de sua capacidade.
A capacidade máxima do Sistema Cantareira é de 982 bilhões de litros. A pluviometria acumulada no sistema no mês corrente é de 264.5mm. De sexta (6) para sábado (7), o conjunto de reservatórios ganhou 0,30% da sua capacidade máxima, o que corresponde a 295 milhões de litros ou 14 mil caminhões-pipa.
O Cantareira tem uma capacidade de tratamento de 33 mil litros de água por segundo destinados a 6,5 milhões de pessoas das Zonas Norte, Central e partes das Zonas Leste e Oeste da Capital, bem como os municípios de Franco da Rocha, Francisco Morato, Caieiras, Osasco, Carapicuíba e São Caetano do Sul, além de parte dos municípios de Guarulhos, Barueri, Taboão da Serra e Santo André.
O sistema é formado pelos rios Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Juqueri (Paiva Castro). Parte dos reservatórios pode ser avistada em trechos da Rodovia D. Pedro 1, nas localidades de Atibaia, Igaratá e Bom Jesus dos Perdões.
Janeiro chuvoso
O cenário robusto do Cantareira e do Atibaia tem a ver com um dos janeiros mais chuvosos dos últimos anos. Campinas, por exemplo, registrou 151mm de chuva em 72 horas, segundo dados do Sistema Integrado de Defesa Civil (Sidec). Por isso, o mês de janeiro caminha para ser o mais chuvoso dos últimos tempos. Dezembro, por sua vez, fechou o ano com recorde de 523mm, quando a média histórica esperada era de 236mm. Foi o mês com mais chuva de 2022.
Desde 1990, o janeiro mais chuvoso ocorreu em março de 2011, quando houve 404mm de precipitação.
De lá para cá, o segundo maior volume foi registrado pelo Cepagri em 2017, com 360mm, e o menor em 2015, com 136mm. Na medição histórica, o janeiro mais seco, aponta o Cepagri, foi o de 1998, com 107mm. Janeiro de 2022 ficou dentro da média histórica para o mês. Houve 312mm de chuva, pouco acima dos 271mm de média. Antes, em 2021, havia caído somente 178mm de chuva.
Ocorrências das chuvas
Campinas iniciou o sábado (7) em estado de observação por conta dos 78,6mm acumulados de chuva. A Defesa Civil registrou quatro quedas de árvores entre a sexta-feira e o sábado. As ocorrências foram registradas na Rodovia Heitor Penteado (Bairro das Palmeiras), Rua Doutor Lourenço Granato (Jardim Lumen Christi), Rua Antônio Marchilli (Bairro das Palmeiras) e Rua Francisco Carlos Zuppi (Barão Geraldo).
De acordo com o meteorologista da Defesa Civil, José Alexandre da Costa Galvão, o tempo chuvoso ainda é reflexo da presença do sistema meteorológico denominado Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Neste sábado, ele estava próximo à divisa com Minas Gerais, deixando condições favoráveis para chuva moderada/forte, acompanhada de descargas elétricas e eventual queda de granizo no Norte e Noroeste paulista, Serra da Mantiqueira, Vale do Paraíba e no Litoral Norte.
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