“O Júnior está muito bem, saudável e continua serelepe”. Alessandra Pires, moradora no bairro Chácara da Barra, fala hoje do Júnior, seu cão de estimação, com uma tranquilidade que ela imaginava nunca mais ter. Há pouco mais de um mês, ela estava sem chão.
Foram dez dias de insônia, se alimentando mal e perambulando pelas ruas de Campinas tendo como companhia a frustração. O drama começou na tarde do dia 1º de julho.
“Numa das minhas entradas com o carro em casa, o Júnior escapou pelo portão e eu não vi. Era uma hora da tarde e fui dar conta da falta dele uma hora depois. A partir de então, começou uma busca incessante. Peguei o carro e comecei a andar pela região. Voltei só às oito da noite sem notícias dele”, conta Alessandra, descrevendo uma trajetória que se tornaria rotina pelos nove dias seguintes.
A angustia de Alessandra e de seus filhos de 5, 6 e 26 anos de idade tomou as redes sociais e as ruas, com cartazes espalhados por diversos bairros, anunciando o sumiço do cão e os telefones de contato. “As pessoas realmente se engajaram”, conta Alessandra.
“Recebi muitos telefonemas de pessoas que diziam ter encontrado o Júnior, mas nunca era ele.” E o cansaço se misturava com a tristeza. “Todo dia começava a circular com o carro às nove horas da manhã e voltava só às oito da noite. Passava o dia tentando checar informações que chegavam. Rodei por muitos bairros distantes”, lembra ela
Voluntários do Gavaa (Grupo de Apoio Voluntário aos Animais Abandonados) também se mobilizaram, entre eles André, que três meses antes do sumiço de Júnior, havia resgatado seus pets fujões Pepita e Turim com a ajuda de cães farejadores. “Circulamos à noite pelo Guanabara, Jardim Chapadão no meio do frio e nada de encontramos o Júnior”, lembra.
Alessandra conta que pensou em seguir o exemplo de André e contratar uma empresa com cães para o resgate, mas achou caro o valor. Nem por isso, gastou pouco. “Fechei com uma empresa que dispara mensagens em redes sociais para 200 mil pessoas num raio a partir da localização da minha casa, mas nunca vi uma única mensagem deles no Facebook e Instagram . E o valor não foi barato.” Somando ainda gastos com cartazes e combustível, Alessandra acredita que, junto do filho mais velho, desembolsou cerca de R$ 3 mil durante o período de buscas.
Júnior foi encontrado no dia 10 de julho próximo ao Jardim Eulina, região oposta a da Chácara da Barra. O telefonema de uma mulher que anunciava a localização do cão, no entanto, não convenceu Alessandra.
“Meu filho atendeu, mas eu já estava cansada, desesperada e tinha perdido as esperanças”. Só que uma foto e um vídeo do cachorro enviadas pela mulher fizeram a tutora mudar de ideia. “Chegamos lá e era um parque. Quando chamei, o Júnior pulou o alambrado. Era ele”.
Depois de dar um “rolê” por Campinas, Júnior, um cão de raça indefinida, porte grande e com 1 ano e meio de idade, enfim voltava para casa. “Ele não estava magro, mas tinha alguns machucados. Estava amedrontado e com fome”, relembra a tutora de 44 anos que, chegando em casa, já deu um jeito para se prevenir de novos sustos. “Espero que não aconteça novamente, pois é um sofrimento muito grande. Mas, se acontecer, já providenciamos a plaquinha da coleira com o número de telefone e o nome dele.”