Uma polêmica envolvendo a votação de projetos que tratam de ajustes nos salários e cargos de servidores públicos esquentou o clima na sessão extraordinária da Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste na última quarta-feira (3). Ao discordar de uma posição do vereador Paulo Monaro (MDB), presidente da Casa, a parlamentar Esther Moraes (PL) teve o microfone cortado.
Em tom ríspido, Monaro justificou a medida. “A senhora me tratou com desrespeito apontando o dedo na minha cara.” Esther diz que entrará com uma representação no Ministério Público na segunda-feira. “Entendemos que se trata de um caso de violência política de gênero”, argumenta a vereadora.
Durante sua fala na sessão de quarta-feira, antes de ter o microfone cortado, Esther disse que Monaro “precisaria se retratar”. Ela se referia à atitude do presidente da Câmara na sessão ordinária do dia anterior. “Engraçado que ontem, (terça-feira) não tinha como emitir parecer da nossa emenda e teve presidente saindo da sessão porque não conseguia sustentar o que estava falando”. Em seguida, Monaro chamou a atenção da vereadora, que não se calou: “Quero que minha fala seja respeitada”. Na sequência, o microfone foi cortado.
A polêmica envolve a votação de dois Projetos de Leis Complementares, um que altera o grupo salarial do emprego do ADIs (Auxiliares de Desenvolvimento Infantil) e outro que recompõe a tabela salarial dos servidores enquadrados nos grupos A a E. Na terça-feira, os PLCs nem foram colocados em pauta, pois não houve parecer da Comissão de Justiça e Redação, o que revoltou os professores da rede municipal de ensino presentes no plenário.
De acordo com a posição do grupo que defende a votação dos PCLs, os pareceres são emitidos rapidamente quando há interesse da mesa diretora.
Revolta
Após ter a fala interrompida, Esther pôde concluir sua manifestação por meio da intervenção de outros vereadores, entre os quais o líder de seu partido na Câmara. Depois da sessão, ela se posicionou em relação ao clima hostil no plenário.
“Eu não apontei dedo na cara dele, não solicitei nada ilegal, me socorri ao regimento da Câmara e a soberania do Plenário”, disse. “Repudiamos esse episódio de violência e nos solidarizamos com todas as mulheres que foram agredidas verbalmente ao protestarem por seus direitos”, completou, referindo-se às educadoras presentes no plenário.
Monaro foi procurado pela reportagem, mas sua assessoria alegou que ele tinha outros compromissos e não poderia atender.
Esther alega já ter sido alvo de ofensas em outras ocasiões dentro da Câmara. “Em novembro, o vereador Felipe Corá, aos berros, ordenou que eu me ‘recolhesse a minha insignificância’ e ‘continuasse a latir’, fazendo gestos ofensivos de latidos de cachorro enquanto eu me pronunciava em sessão.”
Segundo ela, foi aberto um inquérito policial para investigar o caso, mas a Câmara se omitiu em relação à ocorrência. “Infelizmente, na Câmara o processo foi arquivado. Apresentamos um recurso que se encontra na mesa do presidente parado.”