O laudo que condena 108 árvores do Bosque dos Jequitibás elaborado pela Secretaria Municipal de Serviços Públicos (SMSP) de Campinas intensificou a ação do Comdema (Conselho Municipal do Meio Ambiente de Campinas) junto à Prefeitura.
O conselho que tenta integrar as secretarias em torno do planejamento arbóreo da cidade, reforçará esse trabalho, já que aponta falhas nas avaliações da SMSP.
O desafio, segundo a presidente do Comdema, Maria Helena Novaes Rodrigues, é conseguir a abertura para o diálogo. “Os próprios servidores da secretaria do Verde (Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) já nos disseram que a interação entre as secretarias é muito difícil”, diz.
Maria Helena afirma que está articulando reuniões com a Coordenadoria Setorial do Patrimônio Cultural, já que o Bosque dos Jequitibás é uma área tombada pelo Condepacc. Ela também aguarda resposta do secretário do Verde, Rogério Menezes após solicitar um encontro com a pasta.
De acordo com técnicos do Comdema, formados por profissionais da Unicamp, Embrapa e IAC, o laudo que prevê o corte de 108 árvores do Bosque dos Jequitibás é pouco consistente. “O documento não individualiza os exemplares arbóreos e não especifica a razão dos cortes”, explica Maria Helena, para quem dificilmente as extrações serão evitadas, apesar dos esforços em busca de um diálogo.
“A Prefeitura muito provavelmente realizará a remoção, pois o descumprimento da legislação vem acontecendo há 20 anos”, afirma a servidora. Entre as determinações não obedecidas, ela aponta a do artigo 2 da Lei 11.571, sancionada em 17 de junho de 2003, que prevê a elaboração de um inventário das árvores do município. “A SMSP diz que tem o inventário de 30 mil árvores, mas só é acessível o nome e a localização dos exemplares, não há uma avaliação mais profunda.”
A SMSP contesta o Condema e afirma que tem atualmente o diagnóstico fitossanitário de 35 mil árvores que aponta com detalhes as condições de cada uma delas.
Maria Helena diz que a intenção do Comdema não é barrar os cortes ou as podas das árvores. “Trata-se de termos critérios qualitativos suficientemente técnicos para que o manejo aconteça com a adequação científica que a cidade de Campinas merece. Por isso é necessário aplicar tecnologia atualizada”, explica, lembrando que a SMSP hoje incorpora um dos maiores orçamentos do município, ficando atrás apenas da Saúde e da Educação.
Após a morte da menina Isabela Firmino Tiburcio em 24 de janeiro, vítima da queda de um eucalipto na Lagoa do Taquaral, a Prefeitura realizou a remoção de 181 árvores e 55 eucaliptos no local, além de 27 exemplares no trecho entre as avenidas Francisco Glicério e Abolição.
Dezesseis parques público da cidade seguem fechados para avaliação.