A Prefeitura de Campinas reabriu a licitação para contratação do projeto executivo para a restauração, conservação, recuperação e acessibilidade do conjunto arquitetônico do Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim. O edital tinha sido lançado no dia 29 de março e a abertura dos envelopes seria em 9 de junho, mas no dia 2 a licitação foi suspensa por conta de questionamentos apresentados por empresas interessadas.
De acordo com a administração municipal, a licitação foi reaberta no dia 11 de junho, após os esclarecimentos dos questionamentos técnicos de empresas interessadas. “A nova data limite para a entrega dos envelopes com as propostas das empresas que queiram participar está prevista para o dia 14 de julho”, informa a Prefeitura.
O conjunto é formado pela casa sede, casa anexa, tulha, capela e remanescentes arquitetônicos da antiga Fazenda Mato Dentro. O projeto é que vai definir todas as intervenções necessárias no conjunto e qual o custo.
A licitação da obra só ocorrerá depois dessa fase. A empresa vencedora da concorrência terá seis meses para apresentar o projeto. De acordo com Ernesto Paulella, secretário de Serviços Públicos, o prédio de 1806 está fechado por sérios problemas estruturais, com danos no assoalho, telhados e nas paredes de taipa que correm risco de desabar.
Ainda segundo ele, os recursos para o restauro são da Secretaria de Meio Ambiente do Estado, que liberou R$ 8 milhões para investimentos no local, dos quais R$ 3 milhões já foram utilizados na recuperação das quadras e outras obras e R$ 5 milhões já estão reservados para o restauro.
De acordo com a Prefeitura, a licitação foi suspensa para esclarecer a questionamentos técnicos de empresas interessadas. “A abertura dos envelopes das empresas seria no dia 9 de junho e não haveria tempo hábil de responder às questões. Em casos como este é um procedimento comum suspender a licitação. Se for necessário, o edital poderá ter alteração, após avaliação da equipe técnica “, informa via assessoria de imprensa.
Após os esclarecimentos, a licitação foi reaberta no último dia 11 e as empresas interessadas têm até o dia 14 de julho para apresentarem as propostas.
O restauro faz parte de um convênio entre a Prefeitura e o Estado, feito em 2014, que permitiu ao Município assumir a gestão do Parque Ecológico. O casarão histórico deve abrigar o Museu da Paz e o Centro de Educação, Memória, Estudo e Cultura Afro-brasileiros.
Escravos
A Fazenda Mato Dentro era uma das grandes produtoras de café em Campinas e era uma das que mais tinha escravizados. Menos de 10 anos antes da Abolição da Escravatura ali viviam mais de 200 escravizados.
A Fazenda foi formada em 1806, a partir da Sesmaria Engenho Mata Dentro, fundada pelo tenente-coronel Joaquim Aranha Barreto de Camargo, voltada para a produção do açúcar. Ela permaneceu como engenho de açúcar nos anos iniciais, quando começou o plantio dos primeiros pés de café. Mas o cultivo foi abandonado em pouco tempo por conta da baixa produção devido à falta de conhecimento do cultivo correto.
Por volta de 1820, Maria Luiza de Souza Aranha, que se tornaria viscondessa de Campinas, e Francisco Egydio de Souza Aranha (filha e genro do tenente-coronel, respectivamente) assumiram a propriedade, aumentaram a produção do açúcar e reintroduziram o plantio e beneficiamento do café. Ao longo dos anos, o café substituiu o açúcar e passou a ser a única cultura da fazenda.
Em 1879, os descendentes da viscondessa herdaram a fazenda com mais de 200 escravizados e grande produção, em pleno auge do ciclo do café. Eles modernizaram a fazenda com reservatório e sistema de adução de água e uma nova tulha.
Os últimos descendentes a administrarem a fazenda foram Queirós Aranha e Soares e José de Lacerda Soares. Em 1950 a fazenda foi vendida e, em seguida, transferida para o Governo do Estado, que a transformou em fazenda experimental, subordinada ao Instituto Biológico.
O tombamento pelo Patrimônio Histórico ocorreu em 10 de maio de 1982. Em 24 de setembro de 1988, o então governador Orestes Quércia assinou a autorização para o começo das obras do Parque Ecológico na Fazenda Mato Dentro.