O coronel reformado do Exército Brasileiro, Virgílio Parra Dias, de 69 anos, registrou um boletim de ocorrência contra o próprio filho, de 39 anos, por agressão, um dia antes do seu apartamento explodir com o arsenal particular de armas e munições, no edifício Fênix, no último dia 24 de fevereiro, em Campinas.
A ocorrência foi registrada no 1º Distrito Policial (DP) de Campinas por volta das 16h do dia 23 de fevereiro. De acordo com o documento, ao qual o Hora Campinas teve acesso, o aposentado relatou aos policiais civis que havia ido ao encontro do filho no clube de paraquedismo, na cidade de Boituva-SP.
Dias se deparou com o filho relutante em voltar para Campinas e o rapaz teria iniciado agressões físicas contra o próprio pai. O fato aconteceu no dia 14 de fevereiro, e foi comunicado pelo aposentado somente nove dias depois.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que não há relação entre a possível agressão e o caso da explosão ocorrido no apartamento. Conforme apurado pelo Hora, contra o filho do coronel reformado já existe um registro de violência doméstica, em 2023, por perseguir e ameaçar a ex-namorada, em Boituva. E também de apropriação indébita, em 2022, por que teria pego pertences de um amigo.
O advogado Ronny Marsico disse que a família não sabia da existência desse boletim de ocorrência.
“O filho não está na cidade, e ainda não tivemos a oportunidade de buscar essas informações. Soube que ele tinha feito uma visita para o pai (internado após se ferir com uma faca), mas não falei com a família nesse fim de semana”, disse o advogado ao Hora.
“Estamos totalmente debruçados em ajudar a família nesses trâmites iniciais. Ainda não tivemos acesso à perícia. Posso dizer apenas que ninguém quis esse resultado. A família tem sofrido tanto quanto as pessoas que moram no edifício”, explica.
Internado
O coronel mantinha um arsenal com 111 armas e incontáveis munições em um espaço do imóvel, localizado no 1º andar do edifício. No dia seguinte das explosões, o filho do aposentado acompanhou os trabalhos da perícia e do Corpo de Bombeiros. Sem falar com a imprensa, disse brevemente que o pai estava muito abalado.
Dias ficou hospedado na casa de um amigo, também coronel aposentado, e na madrugada do dia 27 foi encontrado em uma praça no Jardim Chapadão com um ferimento no pescoço provocado por um canivete, que foi encontrado em suas mãos. Ele estava sendo procurado pela Polícia Civil para prestar esclarecimentos.
O aposentado segue internado em uma unidade hospitalar do Exército, em São Paulo, após ser transferido do Hospital Municipal Mário Gatti. Ele está intubado e inconsciente, mas de acordo com o advogado, os médicos reportam o estado de Dias como “melhorando”. Ainda não há previsão de alta.
‘Sinto muito’
Em um vídeo gravado, a esposa do coronel reformado, Evellyn Parra Dias, disse que a família está muito triste com o ocorrido. “Eu sinto muito pelo que aconteceu no prédio, no meu apartamento, nos apartamentos com todos os moradores”.
Na gravação, veiculada por uma emissora de televisão nesta segunda-feira (4), a mulher afirma ainda que “ninguém desejou e ninguém fez isso acontecer. Aconteceu”.
O advogado explicou que a família iniciará uma reforma na cozinha e no cômodo onde as armas eram guardadas, para então poder retornar ao imóvel.
Segundo a perícia, a detonação de um artefato dentro do cofre do coronel Parra Dias foi o que desencadeou uma série de explosões e o incêndio no imóvel. No entanto, o advogado afirma que ainda não teve o resultado da perícia e a explosão segue como “mistério”, segundo ele.